Número de BO por violência doméstica aumentou 5x durante isolamento social
ONU divulga diretrizes para atendimento de casos de violência contra mulher na pandemia
Uma jovem que prefere não se identificar, sempre fez trabalhos sobre violência contra a mulher e conhece muito bem a Lei Maria da Penha. Por ter tantas informações sobre o assunto, nunca imaginou que fosse acontecer com ela, até o final do ano passado. A jovem se relacionou com um rapaz por sete meses e, depois dos três primeiro, ele começou a ter crises de ciúmes em que queria ver o celular dela e impedir que se encontrasse com os amigos.
O número de Boletins de Ocorrência por violência doméstica registrados diariamente aumentou 5 vezes durante o isolamento social. O país saltou de 3.580 denúncias diárias em março para 18.586 em junho, segundo o ministério dos Direitos Humanos. São Paulo foi o Estado com maior número de casos, somando 5.028.
A coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher, Jamila Jorge Ferrari, elenca os as ocorrências mais comuns neste período. No caso da Jaqueline, nome fictício usado para proteger a identidade da vítima, o isolamento social facilitou o término de um relacionamento abusivo de quase 2 anos. Ao ficar em casa com a família, ela se sentiu segura e encorajada a colocar um fim do namoro. Desde então, o agressor tem ameaçado acabar com a vida dela — mesmo depois de ter sido preso por quebrar a medida protetiva contra ele.
Quando um agressor desrespeita a medida protetiva, a Polícia pode prendê-lo em flagrante ou pedir a preventiva. No caso da Jaqueline, a Justiça soltou o agressor porque não havia réu primário. A coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher, Jamila Ferrari, reforça que a denúncia pode salvar a vida de uma mulher em situação de violência. Com o isolamento, a Polícia Civil ampliou os crimes que podem ser registrados por meio da Delegacia Eletrônica e incluiu a violência doméstica. De abril a junho, foram feitos 5 mil 559 boletins eletrônicos desta natureza.Lembrando que o crime pode ser denunciado no número 190, disque 180, 100 ou em qualquer delegacia do Brasil.
A ONU Mulheres divulgou, nesta sexta-feira, diretrizes para o atendimento de casos de violência contra a mulher durante a pandemia. O objetivo é fortalecer o combate à situação de violência, com recomendações para organismos, organizações e profissionais – especializados ou não. As orientações práticas devem ajudar a garantir o acesso das vítimas às medidas cabíveis contra os agressores.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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