Onze capitais apresentam alta de internações por síndrome respiratória, diz Fiocruz
Estudo da Fundação Oswaldo Cruz aponta que 96% dos casos da doença estão ligados à Covid-19
Os casos de síndrome respiratória aguda grave continuam em todo o Brasil. É o que aponta o boletim do InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ao todo, 11 das 27 capitais brasileiras apresentam sinal de crescimento, entre elas São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza. Apenas quatro capitais tiveram sinal de queda: Aracaju, Boa Vista, Macapá e Teresina e 10 capitais apresentam sinal de estabilização, indicando interrupção da tendência de queda ou manutenção de platô, como Belo Horizonte , Florianópolis, Rio de Janeiro e Recife. A pesquisa foi feita entre os dias 16 e 22 de maio, e revelou que 96% dos casos da doença estão ligados à Covid-19. O coordenador do levantamento, Marcelo Gomes, diz que a situação está associado à retomada das atividades de maneira precoce. “Tem a questão das flexibilizações, a retomada de diversas atividades. A gente aumento a mobilidade da nossa população, a circulação de pessoas, as aglomerações, e isso traz justamente uma maior facilidade de infecção.”
O pesquisador afirma que o cenário pode se agravar com o surgimento de novas cepas do coronavírus no país. “Enquanto a gente mantiver no Brasil esse número extremamente elevado de casos, mais fácil é surgir uma variante de preocupação. Não é atoa que tivemos a P.1 aqui, não é atoa que teve a variante de preocupação na África do Sul, Inglaterra e Índia. O que todos esses países tinham em comum é o aumento de casos e estamos mantendo isso no Brasil”, relatou. A preocupação com variantes deixa autoridades em alerta país afora. Um hotel em Vitória, no Espírito Santo, foi fechado nesta sexta-feira, 28, após três hóspedes vindos da Índia apresentarem sintomas de Covid-19 e um deles ter diagnóstico positivo.
Segundo o subsecretário de vigilância em saúde do Estado, Luiz Carlos Reblin, hóspedes e funcionários só poderão deixar o local após liberação das autoridades sanitárias. “Se der positivo, como o primeiro caso desses viajantes, esse material está indo para a Fiocruz, que é o órgão que finaliza essa análise e confirma ou não a existência de qual variante. Da mesma forma, se um dos hóspedes ou funcionários testar positivo, o material será enviado à Fiocruz para análise”, disse. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, esclareceu que todas as medidas já estão sendo tomadas para evitar a disseminação do vírus. “Nós estamos em um processo de investigação. O governo do Estado, junto com o município, já isolamos o hotel onde essas pessoas estão. Estamos identificando e contatando as pessoas quem quem tiveram contato para fazer todo o isolamento dessa pessoa, fazer teste e evitarmos qualquer contágio com a variante indiana”, disse.
No entanto, o infectologista Julio Croda prevê um agravamento da pandemia nos próximos meses. “A gente não está fazendo nenhum dos dois: nem vacinação em massa, nem lockdown. E uma terceira onda é evidente, pode acontecer e já se iniciou em diversos Estados do Brasil. Com a chegada de uma nova variante, variante indiana talvez mais transmissível, isso pode se intensificar e o nosso colapso pode ser mais grave do que aconteceu nos meses de março e abril”, relatou. Secretarias municipais e estaduais de saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) monitoram mais de 200 pessoas com suspeita de contato com a variante indiana. Nesta sexta, a agência propôs restringir a entrada de tripulantes de navios e de plataformas de outros países. O órgão pede que tripulantes estrangeiros vindos do Reino Unido, Índia, África do Sul e Irlanda do Norte só possam entrar no Brasil depois de fazer quarentena de 14 dias em outro país. Já os brasileiros que estiverem voltando desses países precisam ficar isolados pelo mesmo período, na cidade em que desembarcarem.
*Com informações da repórter Caterina Achutti
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