Pandemia afeta mais pretos e pardos em São Paulo, mostra pesquisa

No Itaim Bibi, região nobre da capital, entre a população negra, 47,6% das mortes ocorreram pela Covid-19, enquanto na população branca foram 28%; crise sanitária também expõem as diferenças sócio-territoriais

  • Por Jovem Pan
  • 14/09/2021 07h04 - Atualizado em 14/09/2021 12h09
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Aloisio Mauricio/Fortoarena/Estadão Conteúdo Na Avenida Paulista, mulher negra usa máscara no queixo; imagem mostra outras pessoas ao redor, todas com máscara Quando o recorte é por cor, os pretos e pardos foram mais impactados; sobre a renda, os bairros mais periféricos são os mais prejudicados

Em uma das cidades mais ricas do continente sul-americano, as desigualdades sócio-territoriais se refletiram em mortes. É o que mostra a Rede Nossa São Paulo em mais uma edição do Mapa da DesigualdadeCovid-19. No bairro de Galeado, zona leste, onde a renda média familiar mensal é de R$ 2.900 a mortalidade pelo coronavírus em adultos foi de 114, 3 para cada 100 mil habitantes. Já em Pinheiros, onde a renda média é de R$ 10.500, o número foi de 28 a cada 100 mil habitantes. Quando o recorte é por cor, os pretos e pardos foram mais impactados. Levando em consideração o Itaim Bibi, região nobre da capital, entre a população negra, 47,6% das mortes ocorreram por causa da Covid-19. Já na população branca, foram 28%. O coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, ressalta que a questão é estrutural.

“Como a população negra tem uma condição de renda, uma condição de vida mais vulnerável do que a população branca nesses locais, o que acaba acontecendo é que elas são obrigadas a pegar um transporte público. Portanto, são expostas a aglomeração que normalmente a população branca não está [vivendo].” Com a pandemia, a prefeitura e Estado uniram esforços e aumentaram consideravelmente o número de leitos na capital. Assim,  São Paulo passou de 10,3 vagas na UTI para cada 100 mil habitantes para 71,4 – um aumento de quase sete vezes. No entanto, a desigualdade continuou presente. No primeiro semestre de 2021, quando a cidade ficou à beira do colapso da segunda onda, a subprefeitura de Pinheiros concentrava 64,5 vezes mais leitos do que a prefeitura de São Miguel.

O coordenador da pesquisa, Jorge Abrahão, lembra das condições de moradia de cada região. “Nos lugares onde têm habitações mais precárias é que ocorreram mais mortes. Nos lugares onde o saneamento está prejudicado, onde não temos a mesma quantidade de saneamento e água com a perenidade necessária, é onde ocorreram mais mortes. Se conseguirmos resolver em Pinheiros os problemas para a população, a gente sabe como resolver”, pontua. A rede Nossa São Paulo espera que o levantamento incite debates e seja usado como orientação para a criação de políticas públicas que diminuam as desigualdades sócio-territoriais na cidade mais rica do país.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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