Com pandemia, SUS deixa de realizar 30 milhões de cirurgias e exames em 2020
Pesquisa do CFM aponta que restrições de acesso aos hospitais, o contingenciamento de leitos para tratamento da Covid-19 e o medo de contrair a doença provocaram uma queda no número de procedimentos eletivos no país
Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgado neste domingo, 12, revelou que as restrições de acesso aos hospitais, o contingenciamento de leitos para tratamento da Covid-19 e o medo de contrair a doença provocaram uma queda de quase 30 milhões de exames, cirurgias e outros procedimentos eletivos no país na rede pública de saúde. O estudo analisou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de março de 2020 a dezembro do mesmo ano em comparação ao mesmo período de 2019. O CFM identificou a redução de 16 milhões e exames com finalidade diagnóstica, 8 milhões de procedimentos clínicos, 1,2 milhão de pequenas cirurgias e 210 mil transplantes. Donizetti Dimer Giamberardino , vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, disse que o isolamento social, sobretudo o medo do contágio, fizeram com que as pessoas não buscassem as unidades de saúde. “Isso fez com que houvesse as duas coisas: uma menor oferta de serviços e uma menor procura dos usuários, fazendo com que a a prestação de serviços caísse em 30%”, disse.
A consulta médica em atenção especializada foi o procedimento ambulatorial que mais sofreu durante a pandemia, com redução de 2,6 milhões de acolhimentos, o equivalente a uma queda de 32%. A tonometria, que trata da medição da pressão interna do globo ocular, e o atendimento médico em Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foram os outros dois procedimentos mais afetados, com queda de cerca de 2 milhões cada. Entre as especialidades que mais sofreram, a oftalmologia teve queda de 18,5 milhões de procedimentos em 2019 para 12, 2 milhões no ano passado. Outras áreas afetadas foram a radiologia e o diagnóstico por imagem, com redução de 5,4 milhões de procedimentos. O vice-presidente do CFM afirma que um dos principais efeitos é a diminuição de diagnósticos precoces, sobretudo de doenças graves como câncer. “Nós tivemos uma queda significativa de mamografia e uma diminuição importante de exames preventivos de colo do útero. Nós tivemos também na oncologia uma diminuição de tratamento de radioterapia. Então, na área da oncologia, houve muita perda de oportunidade”, salienta. Donizete defende a realização de mutirões para realização de procedimentos eletivos que não foram feitos durante a pandemia como forma de não travar o SUS.
*Com informações do repórter João Vitor Rocha
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