Pandemia leva à demissão de professores e fechamento de turmas em faculdades particulares

Segundo o Sindicato dos Professores, no entanto, as universidades precisam comprovar ter um número inferior de alunos para fazer a redução de carga horária

  • Por Jovem Pan
  • 15/09/2020 07h04 - Atualizado em 15/09/2020 08h52
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Pixabay universidade - palestra Em nota, a a Anhembi Morumbi diz que realizou demissões pontuais de professores que não aceitaram a carga horária ofertada para o segundo semestre

As demissões de professores de faculdades particulares deram um salto na capital paulista durante a pandemia da Covid-19. Segundo levantamento do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro), mais de 1.600 profissionais foram cortados desde o início de abril. O Sinpro afirma que diversas universidades estão mandando os professores embora e lotando as salas de aula virtuais. As aulas, que antes eram ministradas para cerca de 50 estudantes, agora chegam a ter 200 alunos por classe. A Uninove, por exemplo, demitiu metade do corpo docente. Um deles é o professor Ulisses Rocha, que recebeu, junto com os colegas, a notícia da demissão por e-mail, horas antes do início da aula. “Pelo menos, até o final deste ano, elas vão colocar 150/180 alunos em uma sala de aula. Um professor como se fosse uma espécie de tutor e ali vão reduzir bastante o custo deles. A gente percebe que o interessa é o lucro e pouco interessa a vida do professor que tem contas para pagar, que se formou”, afirma.

Na Universidade Anhembi Morumbi, o cenário não foi diferente. Professores como Álvaro Artur de Castro Silva precisaram escolher entre reduzir drasticamente o salário ou aceitar o Plano de Demissão Voluntária. “Nós recebemos a notícia de que grande parte de nós [professores] teria apenas uma noite, ou três horas, de aula por semana. Então, na nossa carga horária, por exemplo, três horas por noite significa R$ 600 por mês. “R$ 600 não paga a minha internet e a minha energia. Eu tive que contratar uma internet milionária para dar aula”, diz. O diretor do Sindicato dos Professores, alerta, no entanto, que as universidades precisam comprovar ter um número inferior de alunos para fazer redução de carga horária. Celso Napolitano também garante que é direito dos professores receber indenização até o fim do semestre letivo. “Se a faculdade não comprovar a redução no numero de alunos, ela tem que devolver a carga horária aos professores, tem que pagar o salário pela carga horária anterior ou, se mantiver a demissão, tem que pagar até o dia 30 de dezembro. Não vale você juntar três turmas e mandar dois professores embora, ou reduzir as aulas de dois professores”, explica. Em nota, a a Anhembi Morumbi diz que realizou demissões pontuais de professores que não aceitaram a carga horária ofertada para o segundo semestre. A Uninove não respondeu à reportagem.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini

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