Para poucos, compra de jatos particulares de luxo ganha impulso com restrições às viagens
Aeronaves executivas são usadas no Brasil principalmente por grandes empresários e podem custar R$ 338 milhões
Com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas preferiram fugir das aglomerações dos aeroportos e passaram a utilizar a aviação executiva, apesar dos preços mais caros. O crescimento apontado na movimentação foi 20% maior em 2021 na comparação com o ano passado. O CEO da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Flávio Pires, destaca que outro fator que também contribuiu para esta migração foi o aperto da malha aérea convencional. “O voo executivo, em função de falta de alternativas na malha aérea regular, por força das circunstâncias, foi feito uma redução expressiva, em maio, da operação das linhas aéreas em todos os aeroportos. Eles passaram essencialmente a voar em mais ou menos 4o a 44 localidades. E as demais localidades precisavam ser atendidas por outros meios, e o Brasil, como é muito grande, muito espalhado, ele usou realmente as aeronaves da aviação geral pra essa finalidade durante aquele período”, afirma
Quem precisa se deslocar com rapidez no mundo dos negócios, onde tempo é dinheiro, recorre às aeronaves executivas. Esse luxo custa caro. Para adquirir um avião, os valores chegam às alturas, mas não faltam compradores. Um avião particular chega a custar US$ 62 milhões, o equivalente a R$ 338 milhões. Uma aeronave que pode, por exemplo, fazer a rota entre São Paulo e Moscou, na Rússia, sem escalas traz benefícios e comodidades. O vice-presidente para a América Latina de um fabricante de aviões sofisticados e de alta performance, Rodrigo Pessoa, destaca o perfil de quem busca essa facilidade. “No Brasil, em geral, são grandes empresários que usam, principalmente, a trabalho. Obviamente, usam também para férias, viagens, lazer, mas principalmente a trabalho”, conta.
Voar em um jatinho é quase como um sonho. No acento há um painel no qual dá para controlar todos os utensílios, como a luminosidade da cabine, a temperatura, pode observar a rota da aeronave e a velocidade em que está sendo realizada a viagem e, num simples toque, abrir a janela. A alimentação a bordo também tem um cardápio especial com um serviço bastante requintado. Estar nas nuvens com todo esse conforto é caro Rodrigo Pessoa lista os fatores determinantes na hora de decidir comprar um bem de altíssimo valor agregado: “A otimização do tempo, segurança, um avião com custo operacional relativamente baixo e te dê flexibilidade. É isso realmente o que eles mais procuram”, afirma.
Desfrutar de uma comodidade como esta é um privilégio para poucos, e o Brasil é um dos maiores mercados do mundo. O CEO da Abag, Flávio Pires, indica que a procura é tanta que estão em falta no mercado aeronaves usadas para a venda. O Brasil figura no topo das maiores frotas do planeta. “Nós estamos entre top três dos mercados mundiais. Estados Unidos evidentemente puxa fila muito a frente. Mas estamos à frente de muitos países. Brasil e Canadá disputam essa vice-liderança, com muita propriedade, já há muito tempo. Nós temos uma frota importante no Brasil, cerca 16 mil aeronaves da aviação de negócios, que a gente chama, mais 10 mil aeronaves de outros regulamentos, não acompanhados aqui no nosso dia a dia, porque nós acompanhamos mais a atividade empresarial, mas temos aviação experimental, desportiva, muito forte no Brasil também”, pontua.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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