Parlamento impõe derrota a Johnson e amplia incerteza sobre Brexit

  • Por Jovem Pan
  • 04/09/2019 06h56 - Atualizado em 04/09/2019 10h47
EFE Premiê diz que vai antecipar eleições caso lei que impede Brexit sem acordo seja aprovada

Contrariando o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o Parlamento do Reino Unido vota, nesta quarta-feira (4), um projeto de lei que pode impedir o Brexit sem acordo. Os parlamentares aprovaram uma moção de urgência para analisar o projeto, que, na prática, obriga o premiê a pedir mais prazo à União Europeia (UE) se os dois lados não chegarem a um consenso.

Por 328 votas a 301, esta foi a primeira derrota de Johnson no Legislativo. Desde que assumiu o cargo, em julho, o premiê tem dito que o Brexit aconteceria “de qualquer maneira” em 31 de outubro, prazo final estabelecido pelo bloco europeu para o divórcio.

Para o professor de Direito Internacional da FMU, Manuel Furriela, o processo de saída do Reino Unido da UE se torna ainda mais complexo. “Não acredito que vá se perder a ideia da saída do bloco, que haja um retorno nessa situação, pelo menos por enquanto. Mas acredito que vá se buscar este ou outro governo, nem que seja necessária a mudança do primeiro-ministro.”

Em reação à demonstração de força dos deputados, Johnson disse que “o Parlamento está à beira de destruir qualquer acordo” e que isso irá significar mais “estremecimento e mais atraso”. Ele afirmou que, se a lei que impede o Brexit sem acordo for aprovada, irá apresentar um pedido de eleições gerais antecipadas, mesmo não concordando com elas.

A moção de urgência foi aprovada no mesmo dia em que o Partido Conservador, de Boris Johnson, perdeu a maioria no Parlamento. Isso porque o deputado Philip Lee abandonou a legenda e se juntou à oposição.

Em um comunicado, o parlamentar justificou a decisão, alegando divergências em relação ao Brexit. Agora, a coalizão governista é minoria, tem 319 deputados, e a oposição, 320.

Mesmo não tendo maioria, Johnson continua à frente do governo e só poderá deixar o cargo se o Parlamento aprovar um voto de desconfiança contra ele, o que não deve acontecer, pelo menos por enquanto.

*Com informações do repórter Afonso Marangoni

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