Pauta do voto impresso não deve avançar devido ao ‘momento político’, afirma deputado
Paulo Ganime é títular da comissão especial que discute a PEC; parlamentar não concorda com decisão de Alexandre de Moraes
O deputado federal Paulo Ganime, titular da comissão especial da PEC do voto impresso, acredita que a tendência é de que a pauta não avance. Apesar de considerar o debate válido e ser defensor do projeto, ele vê com maus olhos as ameaças do presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação às eleições de 2022. “Tem que separar os dois temas. [O voto auditável] é um tema válido, particularmente acho que não deveria ser discutido para 2022 pela questão fiscal e pela polarização política. Mas [o tema] foi cooptado pelo presidente para uma discussão totalmente absurda em relação a possibilidade das eleições de 2022 acontecerem ou não.”
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, o deputado afirmou que Bolsonaro está muito mais prejudicando a boa discussão sobre o tema do voto impresso do que facilitando a aprovação. “A gente vê alguns parlamentares que não são fundamentalmente contra o voto impresso, mas estão contra por conta do uso irracional por parte do presidente da República. Tem bolsonaristas, políticos e apoiadores do Bolsonaro que estão tentando trazer o debate de forma correta, mas o presidente está subindo o tom. Na verdade, às vezes fico na dúvida se ele não faz isso para o voto impresso não ser aprovado. O que ele tem feito tem prejudicado muito mais a boa discussão do tema do que facilitando a aprovação. Até quem era favorável, agora é contra. E eu não acredito que mudou a posição em relação às urnas, mudou principalmente por conta do momento político.”
Paulo Ganime, no entanto, não concorda com a reação do ministro do STF Alexandre de Moraes de incluir Jair Bolsonaro no inquérito das fake news. “Virou um inquérito guarda-chuva, para colocar qualquer coisa ali dentro. A gente discute e bate nesse inquérito desde o início. O uso desse inquérito para debater esse tema, colocar o Bolsonaro em investigação, é inapropriado. Se há motivos para investigação, abrir um inquérito conta ele, eu não vou nem discutir. Isso cabe a uma análise por parte dos ministros e da PGR. Mas usar do inquérito das fake news e polemizar publicamente batendo de frente é uma reação indevida do Poder Judiciário.” O deputado ainda acrescentou que não defende a retirada de poder do Tribunal Superior Eleitoral, mas a redistribuição das funções e a desconcentração de responsabilidade das eleições.
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