Prazo de adiamento do Enem é ‘apertado’ para resolver desigualdade educacional, diz presidente de organização

  • Por Jovem Pan
  • 22/05/2020 08h55 - Atualizado em 22/05/2020 09h04
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Agência Brasil Prazo para renegociar Fies é liberado Priscila Cruz explica que habitualmente há uma perda de aprendizagem durante os períodos de férias escolares

A presidente-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, acredita que o prazo de 30 a 60 dias estimado pelo ministério da Educação para o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda é muito “apertado” e que vai resolver pouco as questões de desigualdade educacional impostas pela Covid-19.

Em entrevista ao Jornal da Manhã desta sexta-feira (22), ela apontou que a pandemia tem instaurado uma crise “muito grande” na educação, explicando que muitos alunos das redes estaduais e municipais estão sem aulas remotas o que os coloca em uma situação de “extrema desvantagem” quando comparados a estudantes de instituições particulares que estão acompanhando o calendário escolar com aulas interativas.

“O Brasil, que já tinha uma desigualdade educacional, agora tem essa desigualdade ampliada. O governo deve monitorar junto às redes estaduais, se articular com os secretários e governadores e montar um plano conjunto do Enem. Eu acho que 30 dias é quase impossível [realizar a prova], 60 dias vai depender do andamento nos estados.”

Priscila Cruz explica que habitualmente há uma perda de aprendizagem dos alunos durante os períodos de férias escolares. De acordo com ela, em um mês, os alunos perdem em média de “30% a 50% daquilo que eles aprenderam no ano anterior”, o que está sendo ainda mais expressivo com no cenário atual.

“Imagina o que está acontecendo agora, em dois meses que os alunos não estão em uma situação favorável, estão em uma situação de estresse tóxico, com os pais perdendo suas rendas. É muito diferente esse aluno que está perdendo diariamente o conhecimento do aluno que está com as aulas acontecendo. A desigualdade vai aumentando demais porque existe essa perda enorme de aprendizagem”, analisou.

A presidente da Todos pela Educação, que é uma organização sem fins lucrativos, defende que as autoridades federais e estaduais da educação alinhem um planejamento para reduzir a desigualdade na educação brasileira.

“É completamente possível ter um grande acordo e ter um outro planejamento de matrículas e implementação das provas. A gente tem no Brasil já histórico de graves, então nunca foi um problema ter que ajustar calendários. A gente tem que monitorar as redes públicas de ensino médio e junto com as universidades fazer um novo cronograma de matrícula.”

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