Prédio que pegou fogo em SP tem risco de desabar a qualquer momento, alerta engenheiro
Segundo Luis Otávio Rosa, do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo, trabalho de demolição pode durar mais de dois meses se feito com cautela e colocando a segurança em primeiro lugar
O incêndio no prédio de número 95 da rua Barão de Duprat, no centro da cidade de São Paulo, foi controlado na última quarta-feira, 13, após mais de 60 horas de chamas. Sob o risco de colapso da estrutura a qualquer momento, a prefeitura decidiu que vai demolir o edifício, o que pode demorar mais de dois meses, se feito com segurança e cautela, preservando outras estruturas próximas, segundo Luis Otávio Rosa, engenheiro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. “O risco de colapso existe porque a temperatura que o prédio atingiu foi muito alta. Esse colapso, que a gente chama frágil, pode acontecer. Ele não avisa. É como um elástico que a gente vai puxando, mas chega um momento em que o elástico arrebenta. Isso pode estar acontecendo no prédio. Ao jogar água, aumenta-se o peso sobre a estrutura. Há, sim, esse risco. É prudente, como os bombeiros estão fazendo, a Defesa Civil, fazer o isolamento da área. Ao cair, o prédio pode não cair exatamente na vertical, ele pode cair tombando, tem um prédio de um lado, outro na frente, então é preciso cautela, segurança em primeiro lugar, e avaliar cuidadosamente todos os passos que estão sendo feitos”, alega o engenheiro.
Neste momento, a estrutura ainda está muito quente e precisa ser resfriada, mas esse trabalho pode danificar ainda mais o prédio, aumentando os riscos de desmoronamento. “O prédio sofreu temperaturas muito altas. Isso causou uma dilatação, uma fragmentação do concreto, do aço, e é preciso baixar a temperatura. Isso pode ser feito jogando água. Ouvi declarações dos Bombeiros de que eles ainda estavam encontrando 200º C ontem. É uma temperatura alta. Uma maneira de resfriar é jogar água. E, ao jogar água, o prédio vai sofrer também mais rachaduras, porque ele vai se contrair. É preciso esfriar, mas esse esfriamento vai causar algum dano, alguma fissura e, por isso, que é preciso muito cuidado para preservar a segurança de quem estiver trabalhando, Bombeiros ou trabalhadores”, explica Luis Otávio Rosa.
Inicialmente, havia se cogitado outras formas de demolição, como a implosão, o que rapidamente se percebeu inviável pelas condições do imóvel. “É preciso se diferenciar o que se cogitou inicial, a implosão, da demolição. A implosão também é uma demolição, mas ela é controlada. Se coloca explosivos na parte inferior do prédio, diminui a estrutura e faz o prédio colapsar, cair sobre ele mesmo. Mas essa atividade tem riscos porque, por ser uma explosão, ainda que controlada, isso pode gerar abalo nos prédios vizinhos, pode gerar resíduos, outras consequências. Então a prefeitura parece que está escolhendo a demolição. A demolição não pode ser feita por dentro do edifício, porque justamente ele não tem resistência. Então, imagina-se que essa demolição vai ser feita por fora, de cima para baixo. Então vai ter que fazer ou guindaste ou andaimes para que se possa ir desmontando, quebrando o edifício de cima para baixo. Ele tem 10 andares, por isso um prazo de dois meses. Eu acho até conservador, pode ser até que dure um pouco mais fazendo essa demolição controlada e preservando a integridade dos trabalhadores”, pontua.
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