Prefeitura de SP atendeu mais de 24 mil mulheres vítimas de violência doméstica em 2020
Estudo mostra, no entanto, que as denúncias tiveram queda durante período de isolamento social
Sensação de impotência, vergonha e o pior de todos os sentimentos: o medo. Em 2020, mais de 24 mil mulheres, vítimas de violência doméstica, foram atendidas pela prefeitura de São Paulo, segundo balanço da secretaria municipal de direitos humanos e cidadania. Entre os meses de janeiro e julho do ano passado, os casos de feminicídio na capital paulista atingiram a marca de 101 registros, número 12% do que o registrado em 2019. Em 85% dessas ocorrências, o culpado era bem próximo da vítima. Antes da pandemia, em março do ano passado, 2.886 mulheres procuraram ajuda municipal. Nos meses de abril e maio, durante isolamento social, o número caiu em 65%. Em junho, os casos aumentaram, chegando a 1.420 atendimentos. Em julho foram 2 mil denúncias e em novembro, 2.890.
Para a promotora de Justiça Valéria Scarance, o número de denúncias durante o período de quarentena caiu por algumas razões. “Em regra, vítimas moram com os seus parceiros e são monitoradas em razão do isolamento. O próprio isolamento, que afasta as mulheres das suas famílias, trabalhos, das suas bases de sustentação. Os problemas econômico também, muitos homens também associam a virilidade com o poder econômico e quando estão em uma crise econômica se tornam mais violentos”, explica. Valéria Scarance diz que as mulheres precisam identificar as pequenas violências.
“A principal defesa para a mulher é identificar a dominação, o controle, essas pequenas violências que acontecem muitas vezes e que podem levar ao caso de uma violência mais severa.” Denúncias de abuso contra a mulher em São Paulo devem ser feitos pelo número 156. A identidade do denunciante será mantida em sigilo. A Casa da Mulher Brasileira, que fica na região central da capital paulitas, oferece diversos serviços para as vítimas. Para pessoas de outros estados, as denúncias são feitos no 180. A lei Maria da Penha garante detenção de até três anos para quem pratica violência doméstica.
*Com informações da repórter Mônica Simões
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