Presidente da Abicom critica reoneração do diesel para bancar programa de carros populares: ‘Bastante discutível’

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, Sergio Araújo, que é representante dos importadores de combustíveis, analisou a iniciativa do governo de incentivo à compra de automóveis e comentou o aumento dos impostos federais sobre gasolina e etanol

  • Por Jovem Pan
  • 29/06/2023 10h08 - Atualizado em 29/06/2023 10h23
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Reprodução/Jovem Pan News presidente-abicom-sergio-araujo-combustiveis-reoneracao-entrevista-jornal-da-manha-reproducao-jovem-pan-news Em entrevista ao Jornal da Manhã, o presidente da Abicom, Sergio Araújo, falou sobre o aumento dos impostos federais nos combustíveis e o programa de compra de carros populares

A extensão do programa de incentivos para a compra de carros populares com desconto foi confirmada pelo Ministério da Fazenda e deve custar R$ 300 milhões. Nesta quarta-feira, 28, o ministro Fernando Haddad declarou que os recursos virão da antecipação em R$ 0,03 da reoneração do diesel, que começará em outubro. Com este adicional, a iniciativa de renovação da frota de automóveis é custeada por R$ 1,8 bilhão em créditos tributários concedidos pelo governo aos fabricantes no pagamento de tributos futuros. Tal desconto é repassado pela indústria no preço dos automóveis ao consumidor. O programa tem prazo de quatro meses ou até que os créditos tributários se esgotarem. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo, classificou a destinação dos tributos do diesel para o incentivo à compra de carros como “discutível”: “O ministro Fernando Haddad está com uma proposta de uma reoneração da ordem de R$ 0,03 por litro no óleo diesel a partir de outubro. Lembrando que no início de junho, dia 6 de junho, já teve um aumento de R$ 0,14”.

“Sem dúvida, o aumento no tributo é repassado automaticamente para o consumidor e impacta, sem dúvida, no custo do transporte. Uma vez que o diesel é o combustível utilizado nos equipamentos que movimentam a nossa economia. Estamos no Brasil com uma dependência muito forte do modal rodoviário, ou seja, queimando o óleo diesel para movimentar pessoas e mercadorias também. Sem dúvida, haverá um impacto e eu acho que é bastante discutível essa questão de utilizar um aumento no imposto do óleo diesel para subsidiar a comercialização de veículos. Entendo que o governo avaliou essa possibilidade de dar um maior dinamismo na economia, manutenção de emprego e renda com as montadoras funcionando, mas é um tema que, de fato, merece um debate”, argumentou.

O representante dos importadores de combustíveis também analisou a alta dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol, que começa a partir desta quinta-feira, 29. O aumento na tributação será de R$ 0,34 por litro para a gasolina e de R$ 0,22 por litro de etanol, segundo informou a Abicom. Para conter a alta nos preços, os impostos federais sobre a gasolina e o etanol haviam sido zerados em junho de 2022. A Medida Provisória perderia validade em 1º de janeiro, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou o prazo por mais dois meses quando, em fevereiro, o Ministério da Fazenda anunciou um retorno parcial dos tributos, com impacto de R$ 0,47 por litro para a gasolina e de R$ 0,02 por litro para o etanol. Para Araujo, apesar da reoneração, o aumento dos preços não deve ser tão impactante para o consumidor: “Esse reajuste, esse retorno desses encargos, esses tributos federais, já era esperado. Lembrando que tem aí a Medida Provisória com essa previsão de retorno”.

“Eu diria que nós brasileiros estamos com sorte, porque o preço do petróleo tem caído no mercado internacional. A nossa moeda também tem sido valorizada e com isso existe um espaço para que tenha esse aumento do tributo, sem que tenha um impacto total no preço para o consumidor final. A expectativa, hoje, é de um aumento na gasolina de R$ 0,34 por litro e no etanol hidratado, que é o combustível alternativo à gasolina para aqueles motoristas que têm veículos com tecnologia flex, é de R$ 0,22 por litro”, explicou. O presidente da Abicom ponderou que a volta dos impostos era inevitável devido à perda de arrecadação: “O que a gente tem que considerar é que, sem dúvida, os tributos sobre os combustíveis têm um peso importante no orçamento do governo e manter a desoneração durante todo o período impacta no orçamento do governo. Eu vejo isso como uma necessidade. Realmente acredito que essa postergação do retorno dos tributos foi uma medida no sentido de não onerar a população, mas dentro da possibilidade, dentro da capacidade, do governo de suportar essa redução no orçamento”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

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