Reflorestamento ajuda a manter área da Mata Atlântica estável, diz pesquisa
Pesquisa da Mapbiomas aponta que, nas últimas três décadas, ganhamos 9 milhões de hectares de cobertura vegetal
Ela é a casa das palmeiras, de ipês, bromélias, da capivara, da fauna e da flora mais do que conhecida pelo brasileiro. Não é pra menos a intimidade: é que é na região da Mata Atlântica que mais de 70% da população do país vive, onde estão Estados populosos como Rio de Janeiro e São Paulo. Felizmente, nos últimos 35 anos, não perdemos muito em termos de cobertura vegetal. Apenas 1,3%, aponta o mais novo levantamento do Mapbiomas, projeto de mapeamento anual do uso e cobertura da terra no brasil. Os pesquisadores analisaram todas as áreas remanescentes de floresta. O coordenador técnico, Marcos Rosa, observa que a maior ação de desmatamento se concentra antes dos anos 90: 10 milhões de hectares de vegetação primária perdidos. Após os anos 90, a vegetação começa a se regenerar e, só nas últimas três décadas, ganhamos 9 milhões de hectares, ainda que essa mata secundária não tenha a mesma qualidade que a floresta original. “Tem muita área, principalmente de pastagens, de baixa produtividade, que foram abandonadas. Em grande parte dessas áreas abandonadas, hoje já se recupera uma vegetação secundária. Então a gente vê uma substituição dessas florestas mais antigas, que são mais ricas em biodiversidade, têm mais carbono estocado, por essa floresta mais jovem”, explica o coordenador.
Segundo Marcos, são necessários mais de 80 anos para a floresta voltar ao padrão original. Porém com 5 anos a mata jovem já começa a prestar serviços importantes. “Uma área que está estável normalmente absorve pouco carbono. Ela tem essa função de absorver, mas uma área que está crescendo está absorvendo carbono para o tranco e para as raízes. Então a floresta em recuperação, apesar de não ser tão rica quanto uma mata original, ela é essencial para a questão de mudanças climáticas e para absorção de carbono”, afirma. A Mata Atlântica abriga as principais bacias hidrográficas do país, como as do Paraná e do Rio Grande. Muitas têm baixa cobertura vegetal e ações de recuperação às margens dos rios são necessárias para manutenção de grandes reservatórios. A Constituição de 1988 reconheceu a Mata Atlântica como patrimônio nacional, mas foi só em 2006 que o bioma ganhou uma lei própria que regulamenta o uso dos recursos de maneira sustentável. Hoje, boa parte da mata está localizada em propriedades privadas. A avaliação dos pesquisadores é que nos últimos anos os produtores rurais estão atentos a legislação e têm sido parceiros na proteção da mata.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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