Responsáveis por mortes na Paraisópolis são organizadores do Baile da DZ7, diz porta-voz da PM

  • Por Jovem Pan
  • 02/12/2019 09h52 - Atualizado em 02/12/2019 12h04
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO Vista de uma favela e ao lado prédios de luxo Porém, o tenente-coronel disse não minimizar as imagens que circulam nas redes sociais que mostram um provável abuso da instituição contra jovens

Nove pessoas morreram na favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, entre a noite do último sábado (30) e a madrugada do domingo (1), no Baile da DZ7 — popular festa de funk da região que atrai jovens do interior do Estado e também do Rio de Janeiro.

De acordo com a Polícia Militar, uma perseguição que terminou com a fuga dos criminosos teria motivado o tumulto. Moradores, contudo, se queixaram de truculência na ação dos policiais e relataram abuso por parte das autoridades.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, o tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, disse que um inquérito foi instaurado para apurar o caso. Segundo ele, os organizadores do baile da DZ7 devem ser responsabilizados pelas mortes.

“Na madrugada, tínhamos mais de 5 mil pessoas na região, então a PM optou por não atuar dentro do baile — mas, sim, fazer policiamento no entorno para evitar ocorrências na região das avenidas Giovanni Gronchi e Hebe Camargo. Uma moto suspeita não respondeu à nossa abordagem e teve início uma perseguição. Houve pedido de apoio e a Força Tática chegou com granadas de efeito moral e gás lacrimogênio”, disse.

Massera ressalta que a correria e a confusão — circunstâncias principais das mortes, que teriam motivado o pisoteamento — ocorreram antes da atuação de controle de distúrbio da Força Tática. Ele afirmou que uma “ação de dispersão” poderia ter resultado em situação ainda pior.

“Foi instalado um inquérito para apurar todas as circunstâncias desse fato. Apreendemos as armas dos envolvidos, pedimos exames. Mas estamos tirando o foco principal: o problema não foi a ação policial. Foi o pancadão com 5 mil pessoas acontecendo dentro de um bairro”, disse Massera.

O porta-voz da Polícia Militar afirmou que 250 bailes aconteciam simultaneamente no horário das mortes — e que a PM realizou o policiamento de todos eles. “Esses bailes são um barril de pólvora que pode explodir novamente se nada foi feito.”

Porém, o tenente-coronel disse que não serão descartadas imagens que circulam nas redes sociais que mostram um provável abuso da instituição contra jovens – independente dos registros terem sido feitos no último fim de semana.

“As imagens sugerem ação desproporcional, abusiva e violenta e que não compactuam com as ações da PM. Não sabemos se aconteceu na mesma madrugada, mas isso não diminui a importância dos fatos. A Corregedoria já está com o material”, afirmou.

Soluções

Segundo Emerson Massera, a categoria tem que “encontrar solução” para tirar os bailes dali. “Todos nós estamos interessados nisso. O morador, a sociedade e o Governo – todos pensam em alternativas para tirar o baile dali.”

“Além da intenção de urbanizar a favela de Paraisópolis, já oferecemos o Autódromo de Interlagos e o Anhembi para os eventos”, disse.

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