Sem vacina, médicos apostam em expertise e novos remédios para combater a Covid-19
Um estudo vai testar em brasileiros um novo medicamento francês contra a doença; o remédio já tem aprovação da Anvisa
Os 28 dias de internação na UTI foram solitários para o seu Maciel Júnior. Com um quadro grave de Covid-19, as únicas companhias do radialista de 52 anos eram os médicos e enfermeiros. Atualmente, se recuperando em casa, Maciel viu de perto esses profissionais aprendendo a lidar com a doença. “Esse período foi difícil ouvir a dúvida dos médicos porque eu peguei [o coronavírus] no início de abril, então era muito cedo, eles ainda estavam estudando quais medicamentos serviam. Às vezes servia em uma pessoa e não na outra, que sequelas ficariam e como tratar”, diz. No entanto, diferentemente do Maciel, quem contrai o coronavírus e precisa ser internado, provavelmente vai encontrar agora uma equipe mais preparada. Passados mais de seis meses desde o início da pandemia, profissionais na linha de frente do atendimento, sobretudo dos casos mais sérios, aprimoraram técnicas e rotinas. Segundo o supervisor da UTI do Instituto Emílio Ribas, Jaques Sztajnbok, apesar de terem sido difíceis, os últimos meses trouxeram aprendizados valiosos. “De lá pra cá muita coisa mudou. Nós aprendemos muito no enfrentamento diário. Grande parte desse conhecimento foi incorporado nas estratégias terapêuticas que nós utilizamos hoje. E posso dizer que o paciente que foi admitido em fevereiro, se fosse admitido hoje, teria uma chance de sobrevivência muito maior por conta da incorporação de novas estratégias terapêuticas”, explica.
E como uma vacina contra a Covid-19 ainda está longe de se tornar realidade, a busca por tratamento alternativos tem motivado os médicos e pesquisadores. Um estudo vai testar em brasileiros um novo medicamento francês, já aprovado pela Anvisa. O Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na Zona Norte de São Paulo, e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, já começaram a admitir pacientes para participar dos testes. O coordenador do projeto e professor titular de imunologia clínica e alergia da USP, Jorge Kalil, diz que a droga já apresentou resultados promissores. “Ela se mostrou na fase 2 que recupera essas lesões e, além disso, ela promove muito bem a cicatrização. A nossa expectativa é que esse remédio evite as internações, se já houver internações que evite a doença grave e, sobretudo, que evite a morte”, afirma o médico. Hospitais no Rio de Janeiro, Roraima, Pernambuco e Santa Catarina também já estão confirmados para realizar os testes clínicos.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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