Sob pressão de governadores e STF, governo amplia leitos de UTI

Unidades de terapia intensiva serão pagas por 90 dias, com possiblidade de renovação do prazo

  • Por Jovem Pan
  • 13/03/2021 09h39
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Entidades alertam para risco de repetição das cenas vistas em Manaus no início do ano após esgotamento de insumos Ministra do STF, Rosa Weber, deu 48 horas para que o governo federal preste informações sobre habilitação dos novos leitos de UTI

Com os números explodindo no país, o Ministério da Saúde anunciou a liberação de R$ 188 milhões para financiar 3.965 novos leitos de UTI para Covid-19 em municípios de 21 estados brasileiros. Esses leitos temporários serão pagos por 90 dias, com possiblidade de renovação do prazo. O Ministério, no entanto, negou que seja responsável pela desativação dos leitos no ano passado. O secretário de Atenção à Saúde, Luiz Otavio Franco Duarte, explicou que esse papel cabe aos gestores estaduais e municipais e que, no ano passado, estavam disponíveis R$ 3,9 bilhões para contratação de leitos — mas só foram utilizados R$ 1,3 bilhão.

“Em tese, esse recursos que passamos estão ainda pelos estados e municípios.” O secretário explicou ainda que quem contrata é o estado e o município — e a União precisa ser informada, levando em consideração que o Estado, por exemplo, precisa aplicar também em saúde no mínimo 12% da arrecadação. “Eu não enxergo orçamento do estado, tampouco do município. É por isso que cada um tem seu plano de contingência, cada um tem sua gestão e o responsável sanitário pelo território é o secretario do Estado de Saúde.”

A ministra do STF, Rosa Weber, deu 48 horas para que o governo federal preste informações sobre habilitação dos novos leitos de UTI conforme foi pedido por São Paulo, Maranhão e Bahia. O avanço da Covid-19 no Brasil já acendeu um sinal de alerta também na comunidade internacional. A OMS cobrou do Brasil ações enérgicas, uma vez que podemos nos tornar uma ameaça aos outros países. O diretor da OMS, Tedros Adhanom, disse estar decepcionado com o desempenho do Brasil frente a Covid-19. Ele ressaltou que esperava mais do país, uma vez que o SUS, segundo ele, é robusto e poderia ter se tornado modelo para o mundo. Ele cobrou dos governantes uma sinalização clara à população sobre o momento da pandemia e regras de como agir.

Diante da pressão para que o governo federal recomende a adoção de medidas mais duras de isolamento social, o secretario executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, descarta um lockdown nacional. Segundo ele, é preciso continuar analisando a situação de cada Estado. “São várias situações e várias ações que tem que ser adotadas isoladamente, considerando cada cidade, cada regional de saúde, cada estado e em cada momento. Por isso, não podemos adotar em um país do tamanho do Brasil uma medida que seja linear.” O presidente Jair Bolsonaro é contra o que ele chama de ‘”política do fique em casa”. Ele defende que apenas o grupo de risco deve manter isolamento social.

*Com informações da repórter Luciana Verdolin

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