STF realiza audiência pública sobre a autorização para novos cursos de Medicina

Ministro Gilmar Mendes é o relator das ações abertas pela Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) e pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

  • Por Jovem Pan
  • 18/10/2022 11h10 - Atualizado em 18/10/2022 11h15
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Valter Campanato/Agência Brasil Estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal Palácio do Supremo Tribunal Federal (STF) na Praça dos Três Poderes, em Brasília

Uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) debateu nesta segunda-feira, 17, a exigência de chamamento público para a autorização do funcionamento de novos cursos de Medicina. O ministro Gilmar Mendes é o relator de ações abertas pela Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), que defende a exigência do chamamento público, e pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, que argumenta que a medida favorece grandes grupos e fere a autonomia universitária. Conforme a Lei 12.871/2013 a obrigatoriedade permite que o Ministério da Educação (MEC), por exemplo, pré-selecione os municípios onde autorizará novos cursos de Medicina, bem como que imponha critérios para seu funcionamento. Gilmar Mendes destacou a importância do encontro, que contou com a presença de representantes das áreas de Educação, Saúde e Poder Público: “Se formos bem sucedidos, os argumentos tecnicamente qualificados e especializados permitirão que essa Corte se debruce com maior segurança sobre os fatos que conformam a aplicação da Norma Impositiva do chamamento público e de outros requisitos para a instalação de novos cursos de graduação em Medicina, à luz dos princípios da livre iniciativa, da livre concorrência, da isonomia e do direito à Saúde”.

A Anup é autora da ação no STF contra as decisões judiciais que afastaram a norma que obriga o MEC a analisar a criação de cagas em cursos de Medicina por instituições privadas. “Se não há estrutura pública, nós não podemos ter a entrada de novos cursos, não. Isso é um requisito de qualidade. E qualidade é a única coisa que nós pretendemos obter quando pedimos a liminar”, declarou a presidente da Anup, Elizabeth Guedes. O ministro da Educação, Victor Godoy, explicou que o número de médicos no Brasil tem crescido e que atualmente existem 346 mil médicos. Godoy defendeu o chamamento público para garantir uma melhor distribuição de cursos e profissionais: “O MEC vê com muita preocupação a abertura de vagas e cursos por tutelas provisórias e, portanto, em caráter precário. A maior preocupação do MEC é com os estudantes, que fiados nas decisões judiciais apostam seus sonhos e assumem gastos financeiros em um projeto estudantil que ao final pode não ser concretizado, pelo menos não no curso que obteve uma autorização provisória”. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também defendeu o instrumento do chamamento público.

“Parte dos óbitos da Covid-19 no Brasil, que foram mais 680 mil, decorrem da falta de qualificação desses profissionais médicos que, ao entubar a traqueia, entubavam o esôfago, e qual o resultado disso, meus senhores? Resolveremos isso com a abertura de escolas médicas? A resposta é não. Nós vamos resolver isso qualificando as escolas que nós temos, fazendo sistemas de acreditação dessas escolas médicas e discutindo o chamado exame de progresso”, declarou Queiroga. O Conselho Federal de Medicina também defendeu a constitucionalidade da norma. Em entrevista à Jovem Pan News, o vice-presidente da entidade, Jeancarlo Cavalcante, defendeu que a norma garante a distribuição equilibrada de médicos pelas regiões do país: “Nós achamos que essa é a maneira mais justa de termos escolas médicas em locais onde não há escolas médicas, em locais onde há uma falta de médicos. Na verdade, temos que estarmos atentos para a má distribuição de médicos”. De acordo com os dados oficiais, desde que a exigência do chamamento público foi autorizada, em 2013, foi liberado o funcionamento de 160 novos cursos de graduação em Medicina, com a criação de 16,5 mil novas vagas.

*Com informações do repórter Victor Hugo Salina

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