Tereza Cristina sobre polêmicas da alta do arroz: ‘Querem transformar problema pontual em guerra política’
“O que temos que deixar claro aos consumidores é que já vinha subindo o preço [do arroz] há anos”, afirmou a ministra à Jovem Pan
A alta do preço do arroz foi alvo de discussão na última semana, com o governo federal permitindo a exportação a taxa zero para não haver desabastecimento do produto – e muita polêmica sobre a fiscalização de preços abusivos dos supermercados. Em entrevista ao Jornal da Manhã desta segunda-feira (14), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a questão está resolvida e que o mercado irá se equilibrar. No entanto, ela fez duras críticas a opositores que, segundo, ela querem “fazer de um problema pontual em uma guerra política”. “O que temos que deixar claro aos consumidores é que já vinha subindo o preço há anos, consumidor tem todo direito de reclamar, especialmente o mais pobre, arroz e feijão são a marca da nossa nutrição, mas temos um problema pontual que vai se ajustar, não precisamos de gente tocando fogo para ganhar politicamente. Brasil é grande produtor, esse ano o mundo todo teve movimentos com a parte de alimentação, mas o Brasil produz e devemos estimular para termos arroz. (…) se continuasse como estava, teria escassez pro próximo ano, 2021 a expectativa é que teremos uma safra maior e com mais arroz para brasileiros e para exportações.”
Tereza Cristina reforçou que o governo não fará qualquer intervenção no mercado. “A que poderia ser feita é de comércio, abrimos 400 mil toneladas de importação à tarifa zero e traz tranquilidade de que não haverá falta do produto.” Segundo ela, o arroz tem problemas há anos de prejuízo: “É o primeiro ano de muitos que o produtor teve algum lucro e tivemos os 600 reais do auxílio, mudança de consumo, que aumentou com a pandemia, muitas variáveis. O que o governo podia fazer foi liberar até dezembro a importação e estimulamos os produtores a plantar mais arroz, já que, se não tiverem lucro, ninguém vai plantar. Agora é aguardar, a safra começa a entrar em meados de janeiro, já teremos colheita em Santa Catarina e as coisas voltam a se equilibrar.”
A ministra acredita que o auxílio emergencial, ajuda financeira distribuída pelo governo a fim de minimizar os impactos da pandemia do coronavírus, tem, sim, relação com a crise do arroz. “Houve aumento de consumo, estamos levantando para ver se foi só o auxílio que ajudou ou a mudança de hábito, quem come fora em restaurante, não é sempre que se pede arroz. No quilo, por exemplo, se come menos arroz e feijão porque pesa mais. Houve mudança no nosso hábito de consumo, voltamos a cozinhar em casa. A gente tem que medir isso bem, mas com certeza o auxílio ajudou no arroz, feijão e outros produtos que vimos que o consumo aumentou.”
Sobre a manutenção da taxa zero para importações de mais produtos no futuro, Tereza Cristina foi taxativa: “Claro que isso tudo a gente acompanha, temos a Conab, tenho feito esforço para especialistas trabalharem muito com tecnologias modernas e é claro que isso tudo será aferido, é milimétrico, não podemos desestimular nossa produção. Mas um país como o nosso, exportador de alimentos do mundo, as vezes temos que abrir para o mercado externo, que é de mão dupla. Com isso, fazemos o equilíbrio. O Brasil é hoje um adulto, ficou maduro, nesse mercado globalizado e deveremos abrir e tirar taxas algumas vezes. Mas alguns produtos são mais sensíveis.”
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