Tribunal ignora suspeitas em eleição, declara vitória de Morales e amplia tensão na Bolívia
Milhares de pessoas foram às ruas na Bolívia na noite desta segunda-feira (21) para protestar contra uma denúncia de fraude no resultado das eleições presidenciais do último domingo (20). Na cidade de Sucre, uma mais mais importantes do país, os manifestantes incendiaram a fachada da sede do Tribunal Eleitoral. Para conter as manifestações, a polícia usou, inclusive, gás lacrimogêneo.
Após interromper a contagem, no domingo, sem explicação, o Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia retomou. nesta segunda-feira (21), a leitura dos votos pela “apuração rápida de atas”. Com mais de 95% das urnas apuradas neste sistema, o resultado leva à reeleição do atual presidente, Evo Morales.
Na Bolívia, um candidato vence em primeiro turno se tiver no mínimo 40% dos votos e o principal oponente tiver 10% a menos. Pelos números divulgados até agora, Morales recebeu 46,86% dos votos. O principal adversário dele, Carlos Mesa, obteve 36,73% e não reconheceu o resultado.
Na Bolívia, além do sistema de “apuração rápida de atas”, existe a contagem voto a voto, que é muito mais lenta e está sendo feita paralelamente. Até o momento, essa apuração aponta um empate técnico entre Morales e Mesa.
Mesa defendeu a realização de um segundo turno e convidou os apoiadores para uma “resistência democrática”. “O que temos que fazer é defender o voto popular, que leva a Bolívia a um segundo turno, que o governo pretende esconder”, disse. Pelas redes sociais, Mesa afirmou que o governo de Morales, com a decisão de “burlar” a vontade do povo, “é o único responsável pela violência que afeta a Bolívia”.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou “preocupação” com a mudança na tendência dos resultados eleitorais no país. O chefe da missão de observação eleitoral da OEA, Manuel Gonzalez, disse que os números são difíceis de serem justificados.
Nas ruas, apoiadores de Morales já davam como certa a vitória do atual presidente. Se a reeleição for confirmada, Morales inicia o quarto mandato e deve ficar no poder até 2025.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni
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