Presidente de Associação de Delegados sobre Valeixo: Toda troca na PF impacta investigações
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, em entrevista ao Jornal da Manhã desta sexta-feira (24), analisou a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, como algo já esperado pela corporação.
Segundo Paiva, Maurício estava desconfortável há algum tempo e a saída dele do comando da Polícia Federal já era falada “desde o ano passado”. Valeixo foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira.
“Imagine você saber que a pessoa que te nomeia não ver você naquela posição. Então a saída dele, até por ele mesmo, já era anunciada há um tempo internamente. Não dá pra continuar à frente de uma instituição se o presidente da república, que é quem tem o poder de te nomear, diz a todo momento que vai te exonerar.”
Segundo o presidente da ADPF, “toda troca de direção geral modifica muito a polícia, há mudança nos cargos, na diretoria, nos cargos da superintendência, e isso naturalmente causa impactos nas investigações”. Entretanto, para ele o grande problema é a alteração no cargo acontece com “muita frequência”.
Para ele, a corporação só terá autonomia quando o Congresso Nacional aprovar um mandato pro diretor geral.
“O grande problema é que ela [troca] ocorre com muita frequência. Enquanto o Congresso Nacional não aprovar um mandato pro diretor geral como há em outras polícias importantes e um grau de autonomia para esse diretor geral nós vamos, daqui a pouco, passar por esse mesmo movimento novamente. Não só nesse governo como em qualquer outro. A Polícia Federal não está protegida institucionalmente contra coisas dessa natureza.”
Mesmo com mudança, Edvandir Paiva afirma que os trabalhos da corporação vão continuar sendo técnicos e afastados do mundo político.
“A corporação já aguardava uma mudança. Estamos aguardando saber quem será o novo diretor geral, todo delegado que assumir a direção sabe que irá assumir uma polícia republicana e ficará sendo observado para que as coisas continuem sendo técnicas e afastadas, o máximo possível, do mundo político”
A respeito das investigações da Polícia Federal sobre o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, Edvandir disse que “é natural que a política federal esbarre em membros do governo” e que, se ficar constatada qualquer intervenção nas investigações, “haverá uma reação da corporação”.
“Durante vários governos a Polícia Federal sempre esbarra no poder político e econômico. Obviamente se durante esse período ficar constatado ou suspeita de intervenção nas investigações, haverá como sempre houve uma reação da corporação que tem uma cultura institucional neutralidade política e partidária e realização de um trabalho técnico. Nós vamos continuar prezando por isso.”
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