Uso de ‘linha chilena’ em pipas ocorre sem restrição e assusta quem circula de moto em São Paulo

Produto é uma espécie de nova versão do cerol, que faz da pipa ainda mais cortante e perigosa para acidentes graves

  • Por Jovem Pan
  • 19/07/2022 10h49
  • BlueSky
Banco de imagens/Pexels Pipa linha chilena cerol O famoso cerol, usado para cortar pipas hoje tem uma nova versão, a "linha chilena"

Para alguns, pode ser diversão, mas o que aparenta ser uma brincadeira pode causar ferimentos graves e até a morte. O famoso cerol, usado para cortar pipas hoje tem uma nova versão, a “linha chilena”. Enquanto o cerol é feito de uma mistura de cola e cacos de vidro muído, a linha chilena é produzida com pó de quartzo e óxido de alumínio, o que torna ainda mais cortante. O motociclista Marcos Cardozo trabalha nas ruas da capital paulista há 20 anos e já sofreu ferimentos com esses tipos de linhas duas vezes. Em uma das ocasiões, ele foi ferido na mão. Na segunda, a linha cortou o capacete do motoqueiro e, se ele estivesse sem o acessório de proteção, o acidente poderia ter sido muito pior. Marcos alerta sobre a importância dos motoqueiros tomarem cuidado: “A linha de pipa enroscou no meu capacete e fez um corte. Tem muita importância da gente ter antena que corta essas linhas”. Muitos motoqueiros utilizam antenas para se protegerem das linhas cortantes durante o trabalho.

A reportagem buscou o produto da linha chilena na cidade de São Paulo, que tem sido usado com frequência nos bairros da capital. Apesar disso, a maioria dos vendedores de diversos locais negou que o estabelecimento comercializasse esse tipo de linha. A utilização de produtos que tornam o material cortante é proibida por lei em São Paulo. Por isso, os vendedores tem receio de falar logo de início sobre a disponibilidade do produto. Em uma das lojas, um vendedor disse que tinha, mas que, por causa da alta procura, o produto havia acabado. Em um outra, no Campo Limpo, depois de muita insistência, a lojista vendeu uma linha chilena. “É bem difícil vender. A gente nem pode expor. Pode ver que nem está exposto. Eu pego em um canto aqui”, diz a lojista, que também informa que só vende o material para menores de 18 anos. “Com os pais são outros 500, o pai está aceitando a compra”, diz.

Os relatos de vítimas e acidentes graves com as linhas cortantes são inúmeros. O Corpo de Bombeiros alerta para que as pessoas fiquem atentas, principalmente durante esse período de férias. A reportagem tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para saber como as autoridades têm feito a fiscalização, mas não houve retorno até a finalização deste material.

*Com informações da repórter Camila Yunes

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.