Volume de óleo no Nordeste ainda é incerto; quatro mil toneladas já foram retiradas

  • Por Jovem Pan
  • 05/11/2019 06h26 - Atualizado em 05/11/2019 08h23
ESTADÃO CONTEÚDO Bolsonaro se encontrou com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, para discutir o andamento da operação

O governo federal fez, nesta segunda-feira (4), uma espécie de balanço da Operação Amazônia Azul, deflagrada para combater a chegada do óleo nas praias do Nordeste brasileiro. Nove estados, 110 municípios e 314 localidades do país foram afetadas pelo material.

Até o momento, quatro mil toneladas do óleo foram recolhidas por militares, servidores e voluntários, que receberam 21 mil kits com materiais para auxiliar no trabalho.

A previsão do governo é que, a partir de agora, cada vez menos material chegue às praia. Isso mesmo com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tendo dito, no domingo (3), que “o pior ainda estaria por vir”.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, não quis contradizer a declaração do presidente. “Nós temos que acompanhar a situação, a evolução. É uma situação inédita. Esse desastre nunca aconteceu no Brasil, até no mundo”, afirmou.

Já o coordenador da operação, Almirante Leonardo Puntel, explicou que, por conta das correntes marítimas, é impossível prever o caminho do óleo, cuja maior parte ainda pode estar em alto mar. “Muito óleo que poderia ter sido ou foi lançado ao mar, pode ter pego o rumo das correntes da Guiana e ter se dirigido para o Caribe. Talvez até a maior quantidade. A gente não sabe dizer, mas é uma possibilidade. Então dizer quanto de óleo ainda tem é muito difícil”, disse.

A investigação para se chegar ao navio responsável pelo vazamento do óleo ocorreu em três frentes: na parte pericial, foram realizados exames para se descobrir a origem do material; na parte de geointeligência, foram feitos estudos para se descobrir o responsável pelo vazamento e aonde ele ocorreu; e na parte ostensiva, foram deflagrados mandados de busca e apreensão para colher dados da empresa que opera a embarcação.

Agora, como explica o delegado da Polícia Federal (PF), Franco Perazzoni, o próximo passo depende do apoio de outros países. “Por exemplo, a gente está pedindo para a Grécia quem são os donos da embarcação, quem era a tripulação, quem é o comandante dessa embarcação, documentos referentes a carga, quanto que ela abasteceu na Venezuela, quanto descarregou em Singapura. E os outros são países que essa embarcação passou nesse período, como está no mapa.”

Questionado sobre a qualidade dos peixes e mariscos pescados nas regiões afetadas pelo óleo, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, não soube responder se o consumo é seguro. “A gente não tem estudos sobre isso. Esse óleo é um óleo que passou por um processo de emulsificação, então ele é menos biodisponível, em termos da biota marinha, do que um óleo convencional. É uma situação inédita mundial, por isso não tem estudos sobre isso”, ressaltou.

O fato é que o governo está de olho no impacto econômico que o óleo pode trazer para o nordeste.+Além disso, há uma preocupação com a chegada do material ao parque nacional de Abrolhos.

E é justamente para evitar que isso aconteça e agilizar a limpeza das praias que os dois maiores navios da Marinha foram enviados, nesta segunda-feira, para o litoral do nordeste.

*Com informações do repórter Antonio Maldonado

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.