‘Qualquer intervenção militar levará a uma guerra nuclear’, afirma especialista sobre conflito na Ucrânia

Professor de Relações Internacionais afirmou que as sanções aplicadas contra a Rússia foram pensadas para impactar o país no médio prazo

  • Por Jovem Pan
  • 24/02/2022 21h34 - Atualizado em 24/02/2022 21h36
ALEXEY NIKOLSKY / SPUTNIK / AFP - 17/02/2022 Vladimir Putin, presidente da Rússia Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma que recuará apenas quando os interesses de segurança da Rússia forem atendidos

O professor de Relações Internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, concedeu uma entrevista ao Jornal Jovem Pan na noite desta quinta-feira, 24, e analisou o conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo o especialista, um dos principais problemas para que outros países não intercedam nesta guerra são as consequências de uma retaliação desmedida por parte do gigante do leste europeu. “Qualquer intervenção militar levará a uma guerra nuclear”, explica o docente, que relembrou o recado de Vladimir Putin durante pronunciamento na última quarta-feira. “Uma intervenção direta seriam tropas ocidentais matando soldados russos e o presidente Putin já deixou claro, mais de uma vez, que ele reagiria de uma forma que nunca foi visto anteriormente.”

Gunther também explicou que a Ucrânia já não deveria ter sido convidada a ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pois, um dos requisitos básicos para entrar na aliança é estar em paz. A região ucraniana, desde 2014, vive um clima de batalha com a Rússia e chegou a ser anexada ao território controlado pelo Kremlin. Ao ser questionado sobre a possibilidade do conflito não ter acontecido caso o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tivesse sido reeleito, o pesquisador desconsiderou essa possibilidade. “Ele [Trump] já declarou que admira o Putin. Ele iria se contrapor ao Putin? Iria colocar tropas americanas para impedir uma invasão na Ucrânia, o que provocaria uma terceira guerra mundial? Os dois lados tem armamento nuclear suficiente para destruir a Terra 16 vezes. Não é destruir só os seus respectivos países. A humanidade como nós conhecemos deixa de existir numa confrontação como essa.”

O professor ainda ressaltou que a tendência é de que o embate entre os países dure muito tempo, visto que Putin não pretende recuar. De acordo com Rudzit, os países que aplicaram sanções ao governo russo visam um impacto a médio prazo. “Para que jogar o mundo em uma recessão econômica profunda que não vai mudar a realidade da Ucrânia, é uma estratégia para minar o apoio da liderança econômica e financeira russa”. O instrutor considera que o líder da Rússia não teme protestos de ruas ou opositores políticos, mas sim que oligarcas o abandonem.

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