‘A especialidade da Odebrecht era construir relacionamentos políticos’, diz Malu Gaspar

Em entrevista ao Morning Show, autora de livro sobre a Odebrecht revelou envolvimento da empreiteira com governos brasileiros

  • Por Jovem Pan
  • 15/01/2021 13h32 - Atualizado em 15/01/2021 13h54
Imagem: Reprodução/Morning Show Para Malu Gaspar, grupo Odebrecht não acreditava que esquema de corrupção seria descoberto durante Operação Lava-Jato

Em entrevista ao programa Morning Show, da Jovem Pan, nesta sexta-feira, 15, a jornalista Malu Gaspar revelou como uma das principais empreiteiras do Brasil, a Odebrecht, se tornou uma “coleção de empresas em recuperação judicial ou extrajudicial”. “Atualmente, a Odebrecht é apenas uma sombra do que já foi no passado. A empreiteira chegou a ser um império que possuía mais de 15 empresas em 12 países, faturando cerca de R$ 100 bilhões. Hoje, o que era um império, é uma coleção de empresas em recuperação judicial ou extrajudicial que enfrenta processos e possui dificuldade de, até mesmo, pagar as multas do acordo de leniência que fez com o Ministério Público. Atualmente, é uma empresa em decadência permanente”, disse.

Para Malu, autora do livro “A Organização”, que remonta toda a história da empreiteira baiana, a política foi um ponto decisivo para a ascensão da companhia que ocupou o posto de maior empreiteira brasileira e líder do setor petroquímico em 2010. “A Odebrecht prosperou em cima de relacionamentos com governos. Mais do que a engenharia, conseguir contratos, construir pontes ou refinarias, a grande especialidade da empreiteira era fazer relacionamentos políticos com os governantes do Brasil, independentemente do partido ou matriz ideológica”. Atendendo demandas legais e ilegais de presidentes desde a década de 70, entre eles o general Ernesto Geisel, José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, a Odebrecht estampou as capas dos jornais a partir dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que trouxe a público sua história de sucesso e escândalos em 2016.

“Quando a Lava Jato veio à tona, eles não acreditaram que seriam descobertos. Tentaram negociar dossiês com a Polícia Federal, fizeram um trabalho de bastidores para desmontar a operação, mas não conseguiram. Eles foram até o final com medidas provisórias e ações jurídicas para escapar. Mesmo quando a casa caiu, pensaram que iriam encontrar uma saída”. Após admitir ter pagado R$ 788 milhões em propina no Brasil e exterior, o grupo segue no mercado e alterou seu nome para Novonor em uma tentativa de desassociar seus negócios do escândalo de corrupção revelado pela operação.

Confira na íntegra a entrevista com a jornalista Malu Gaspar:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.