"Dificuldades sexuais em mulheres não são biológicas, mas culturais", explica sexóloga
A psicóloga e terapeuta sexual Paula Napolitano esteve na bancada do Morning Show nesta sexta-feira (27) para falar sobre o orgasmo, o “ápice do ápice” de uma relação sexual. Mais especificamente, ela pontuou as diferenças existentes no momento do clímax entre homens e mulheres e explicou os motivos pelos quais muitas delas têm dificuldade para atingí-lo.
“O que vemos na realidade é que as mulheres acabam tendo mais dificuldade. Mas isso não é algo biológico. São questões sociais, históricas e culturais que fazem com que o copo do desejo feminino não seja enchido. Às vezes a mulher não é tão visual, não recebe pornô, não se estimula muito. O homem recebe estímulos o tempo todo. A mulher foi ensinada que a sexualidade deve ficar em último plano. O homem foi ensinado que deve ficar em primeiro. Esse descompasso é esquecido. Se você conseguir fazer com que ela tenha estímulos, aí sim. Ela pode pensar sobre, ler um livro erótico, criar fantasias. E o parceiro (ou parceira) pode estimular durante a semana com carinhos, beijos. Os beijos são ótimos! Não podem ficar só para a hora H”, declarou.
A especialista narrou em seguida quais são as etapas do ciclo de prazer do ser humano. Segundo ela, o modelo de ciclo mais usado na história da sexualidade é um que possui quatro etapas lineares. Ele mostra que tudo começa na mente, com o desejo; passa pelas respostas do corpo, com a excitação; chega ao orgasmo e termina com o relaxamento. Nos últimos anos, porém, uma estudiosa criou outro modelo não-linear que passou a ser considerado por muitos como sendo mais “palpável” às realidades das mulheres.
“Esse outro modelo é mais circular. Nele o desejo espontâneo não necessariamente acontece. Não precisa haver desejo antes, ele pode ser provocado com uma aproximação, um contato. Aqui o desejo aparece junto da excitação. É diferente do que se imaginava no modelo linear. E isso tira o mito de que você precisa ir para o sexo já com vontade. Os parceiros podem provocar a vontade ali na hora”, revelou.
Mas vale ressaltar que, se em nenhum momento aparecer o desejo, seja por um problema de saúde, por alguma repressão ou por insatisfação com seu próprio corpo, ninguém deve insistir! Sem ele, a mulher pode sentir dor e não aproveitará o momento da mesma maneira.
“Precisamos pensar na concentração, no estresse, no cansaço. Eles são inimigos do orgasmo. Se a mulher está cansada, preocupada, com a cabeça em outro lugar, não funciona. Ela dificilmente vai ter um orgasmo. Os garotos aprendem sexualidade com filmes pornôs. Neles, a mulher está sendo pronta, no primeiro minuto geme às alturas, tocou no clítoris e já tem um orgasmo! Não podemos achar que é a realidade. O que acontece fora dali, durante a semana do casal, reflete na cama. Mesmo inconsciente”, concluiu.
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