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Vida em Vênus? Salvador Nogueira explica substância encontrada em planeta que empolgou cientistas

This artistic impression depicts our Solar System neighbour Venus, where scientists have confirmed the detection of phosphine molecules, a representation of which is shown in the inset. The molecules were detected in the Venusian high clouds in data from the James Clerk Maxwell Telescope and the Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, in which ESO is a partner.  Astronomers have speculated for decades that life could exist in Venus’s high clouds. The detection of phosphine could point to such extra-terrestrial “aerial” life.

A descoberta da substância fosfina em Vênus, anunciada na segunda-feira (14) por cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido e Japão, abre a possibilidade da existência de vida extraterrestre, mas, de acordo com o jornalista de ciência Salvador Nogueira, ainda é cedo para fazer essa afirmação. Em entrevista ao Morning Show, da Jovem Pan, Nogueira explicou que a fosfina é um composto relativamente simples e, na Terra, é associado à vida, porém nem sempre é assim. “Sabemos que algumas bactérias anaeróbias produzem esse composto como parte do seu metabolismo, mas a gente também conhece planetas que também têm fosfina, como, por exemplo, Júpiter e Saturno, e esse processo não é associado à vida, são outras reações químicas que produzem o composto”, explicou.

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Nogueira ressaltou que pouco se sabe sobre a atmosfera de Vênus, então também não é possível excluir por completo as chances de vida no planeta. “É uma possibilidade. Os pesquisadores ressaltam isso no artigo original deles, falam que não sabem explicar como esse composto foi parar lá a não ser levantando a hipótese de vida. Mas a verdade é que não se entende muito bem ainda como é a dinâmica da atmosfera de Vênus, quais sãos os componentes dela. Tem muita coisa que a gente não sabe. Pode haver fenômenos geológicos ou químicos que a gente desconhece e que explicam esse processo [de produção de fosfina]”, destacou.

Quimicamente, a fosfina é formada por três átomos de hidrogênio colados em um átomo de fósforo, o que a classifica como uma substância simples. “O marcante é que ela é conhecida como um composto emitido no metabolismo de certas bactérias. Da mesma forma que inspiramos oxigênio e exalamos gás carbônico, como parte do nosso metabolismo, têm algumas bactérias que emitem fosfina. O grande ‘drama’ dela em Vênus é que ela seria muito rapidamente destruída na atmosfera de lá, que é cheia de ácido sulfúrico. O fato dos astrônomos terem detectado isso de forma consistente, em 2017 e, depois, em 2019, e agora reuniram todos esses dados no artigo científico que saiu na segunda-feira, mostra que tem alguma coisa ali o tempo inteiro emitido fosfina”, completou Nogueira.

O jornalista ainda disse que a fascinação dos seres humanos pela exploração espacial faz parte do questionamento “quem nós somos”. “Queremos entender qual o contexto da nossa existência no universo. Parte dessas respostas virá de entendermos qual a frequência da vida. Se a vida for ultrarrara, que não tem em nenhum outro lugar, a nossa responsabilidade como guardiões da Terra aumenta muito mais. Mas se a vida for algo banal, que acontece em cada planeta, se a gente estragar a Terra o problema é nosso porque a vida e o universo vão continuar.”

Reveja a entrevista na íntegra:

 

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