Empreendedora de Paraisópolis incentiva investimento em comunidades: ‘As favelas são potentes’

O programa Mulheres Positivas visitou o projeto G10 Favelas, na zona sul de São Paulo

  • Por Jovem Pan
  • 25/04/2023 19h28
Reprodução/Jovem Pan News Flávia Rodrigues conversa com Fabi Saad Flávia Rodrigues, do G10 Favelas, esteve no programa Mulheres Positivas

Nesta semana, o programa Mulheres Positivas foi ao G10 Favelas, projeto de empreendedores e lideranças da comunidade de Paraisólis, em São Paulo. A apresentadora Fabi Saad conversou com a empreendedora Flavia Rodrigues, que tem um projeto local direcionado especialmente para mulheres da periferia. “Cuidamos da comunidade, das mulheres, para resolver demandas que muita vezes o governo não responde. Somos essa ponte para levar a voz da comunidade, que às vezes não é ouvida, em lugares que falam que não é permitido para a gente que é da favela”, explicou. “Eu falo que quando eu era mais nova, quando eu ia atrás de empresas, a gente tinha que colocar no currículo que era de outro bairro. Não podia dizer que era Paraisópolis, senão você não conseguia emprego. Acho que isso ficou muito estampado. Você já era descartado, não serve, é da favela. Hoje tenho orgulho de falar que moro em Paraisópolis. As comunidades não são carentes, são potentes. Que a gente possa ter mais pessoas das periferias nas escolas públicas, mais pessoas das periferias viajando o mundo, para Harvard ou qualquer outra universidade”, acrescentou.

Em Paraisópolis, Rodrigues participa do grupo de associação de mulheres do bairro e conta que tem como meta ampliar o número de participantes que desejam empreender e seguir seus sonhos. “Esse grupo fortalece o empreendedorismo feminino, a causa feminina dos direitos iguais, da igualdade de gênero. A gente não quer ser contra os homens, a gente quer que os homens nos apoiem. Se eu faço a mesma função, temos que ganhar o mesmo valor, dividir as funções domésticas”, analisou. “O grupo nasceu desse espaço da mulher ser ouvida e acolhida. Meu sonho hoje para a associação é dar voz ainda mais para as mulheres da periferia, que elas possam empreender e realizar os seus sonhos. Onde quer que elas queiram chegar, podem contar comigo.”

Elizandra Cerqueira é um dos exemplos de empreendedoras locais com projetos sociais no bairro da zona sul de São Paulo. Ao lado de Juliana da Costa, ela fundou o projeto de gastronomia “Mãos de Maria”. “Trabalhamos a capacitação de mulheres na gastronomia e também tem a operação de combate a fome, com a distribuição de marmitas solidárias. Estamos em Heliópolis no mesmo formato. Em breve, estaremos em Pernambuco. Trabalhamos com alimentação, serviços de buffet, fazemos a melhor feijoada de São Paulo. Fazemos comida para transformar”, contou Elizandra. “Nunca foi só comida, vem como ferramenta de transformação, para dar voz e espaço para essas mulheres. Não é seu CEP que determina quem você vai ser. Gerar impacto na comunidade e dizer que lugar de mulher é onde ela quiser. A gente quer levar para o Brasil e para o mundo, tem muita mulher por aí que precisa ser empoderada. É o que a gente buscou fazer aqui na comunidade”, complementou Juliana.

Fabi Saad também conversou com o presidente do projeto G10 Favelas, Gilson Rodrigues. Ele deu sua visão sobre o papel das mulheres na sociedade e relembrou memórias de infância que o inspira. “Você olha para a fila das marmitas, você vê mulheres com crianças; quando você vê as pessoas que estão empreendendo, são mulheres. As mulheres têm tocado nosso dia a dia e transformado nossa vida”, afirmou. “Fui criado por um bando de mulheres. Minha mãe faleceu cedo, tinha 14 tios, mulheres cuidando da maneira que foi possível. Acho que estou mais positivo, olho para essa luta e para a força da mulher, me inspiro para trabalhar e fazer mais. No contexto da favela, quando a gente olha para as possibilidades e desafios, a mulherada que está na frente”, concluiu.

Confira na íntegra as entrevistas no G10 Favelas:

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