A execução do secretário do Meio Ambiente de Altamira, no Pará, mereceu uma extensa reportagem no jornal britânico “The Guardian”, nesta semana.
O motivo? Tudo indica que o assassinato de Luiz Araújo, morto a tiros na porta de casa, sem que os bandidos levassem nenhum de seus pertences, é mais um episódio na guerra em que fazendeiros, agricultores sem-terra, índios, grilheiros e posseiros entram em colisão.
Todos se achando donos da razão e usando o fogo e a bala como argumento.
O conflito agora dá ao Brasil a primeira colocação em um ranking nada prestigiado: o dos países da América Latina que mais matam ativistas ligados ao meio ambiente e à defesa dos direitos humanos.
De janeiro de 2015 a maio de 2016 pelo menos 74 ativistas ligados ao meio ambiente e a defesa dos direitos humanos foram assassinados por aqui.
Os dados são de um relatório divulgado nesta terça-feira pela Oxfam, uma ONG que congrega diferentes organizações não governamentais.
O procurador federal no Pará, Ubiratan Cazetta contou que Luiz Araújo travou diferentes batalhas à frente da pasta do Meio Ambiente de Altamira. Mudou a forma como a coleta seletiva da cidade era feita, tratou com rigidez a exploração mineral e o desmatamento e levou adiante denúncias que incluíam até a construção de Belo Monte.
Cazetta também chamou a atenção para o fato de que a execução do secretário traz um novo capítulo à violência da região.
Uma das entidades que auxiliou no levantamento sobre a execução de ativistas no Brasil foi a Pastoral da Terra.
Embora não exista estudos anteriores para comparar os dados, Jeane Bellini, que integra a coordenação da Pastoral, disse que o número de mortos vem crescendo. E credita isso também a uma relação questionável entre o Estado e a iniciativa privada.
Na conta dos assassinatos no Brasil estão as mortes de líderes indígenas, ambientalistas e trabalhadores rurais sem terra. Somente no ano passado, dos 185 ativistas mortos em todo o mundo, 50 ocorreram no Brasil.
*Informações da repórter Helen Braun