Ana Paula: Calheiros faz referência nojenta e banaliza sofrimento de vítimas do nazismo na CPI

Polêmicas em torno da fala da secretária Mayra Pinheiro na CPI da Covid-19 foram debatidas no programa ‘Os Pingos Nos Is’

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2021 19h26 - Atualizado em 25/05/2021 20h16
Jefferson Rudy/Agência Senado senador renan calheiros falando, com a mão levantada, em frente a um microfone. Ele é branco, tem cabelos grisalhos e usa óculos. Falas de Renan Calheiros geraram repúdio

A secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, prestou depoimento à CPI da Covid-19 no Senado nesta terça-feira, 25. Em suas declarações, ela defendeu o chamado tratamento precoce e lembrou do livre arbítrio dos médicos, reiterando que a pasta orienta, mas não recomenda o tratamento. “O Ministério da Saúde criou um documento juridicamente perfeito que é a nota orientativa número nove, depois se transformou na nota orientativa número 17, onde nós estabelecemos doses seguras para que os médicos brasileiros, no exercício da sua autonomia, pudessem usar esses medicamentos com consentimento dos seus pacientes e de acordo com o seu livre arbítrio”, afirmou. Indicada para a secretaria em 2019, a médica resistiu às gestões de Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga. Mais cedo, o relator da CPI, senador Renan Calheiros, citou o julgamento de Nuremberg, que condenou os homens de Hitler por crimes na segunda guerra e foi criticado por integrantes da Comissão. Ele negou que estivesse fazendo comparações entre as mortes pelo coronavírus e as vítimas do nazismo, reclamando das interrupções. As citações feitas por Calheiros irritaram parlamentares, como o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho. A Confederação Israelita do Brasil também repudiou as declarações por meio de nota afirmando que elas “desrespeitam vítimas do nazismo”.

A comentarista do programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, Ana Paula Henkel, considera lamentável a tentativa dos senadores de trajar a CPI com “vestes de investigação” quando ela já tem uma decisão pronta por parte de Renan Calheiros. “Você assiste três, quatro horas de CPI e você não acredita na desfaçatez dos senadores, principalmente do relator, trazendo, banalizando um evento bárbaro da história, como o nazismo, trocando de roupa como quem troca de palavras em relação ao holocausto”, afirmou, classificando como “nojenta” a banalização do sofrimento das vítimas do nazismo no mundo. “A gente vê não apenas a hipocrisia, mas um despreparo tão grande do relator, que já está ali com um relatório na gaveta, do próprio presidente Omar Aziz. A gente viu o presidente da CPI dizendo ‘como que o aplicativo não salvou vidas no meu Amazonas?’, mas pouquíssimo tempo antes da fala dele eles estavam reclamando do aplicativo, como aquele aplicativo era um absurdo”, apontou. Ana Paula também apontou como problemáticas as interrupções feitas às falas da secretária, que não conseguia concluir raciocínios ou respostas enquanto Renan Calheiros “insistia nessa bobagem de sim ou não”. Para ela, depois que o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, deu um “banho de água fria” na narrativa em relação às vacinas, a CPI da Covid-19 virou a “CPI da Cloroquina”. “Parece que eles mudaram o foco”, pontuou.

Confira o programa “Os Pingos Nos Is” desta segunda-feira, 25, na íntegra:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.