Augusto Nunes: ‘Brasil foi o país que mais politizou a vacina e a pandemia’
Para o comentarista, Bolsonaro e Doria agiram mal ao usar interrupção dos testes da CoronaVac como mais ‘uma questão eleitoral a ser explorada’
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interrompeu na noite desta segunda-feira, 9, os estudos clínicos da vacina CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, após a ocorrência do que foi chamado de um “efeito adverso” no dia 29 de outubro. Segundo a agência, a decisão foi técnica, sem qualquer viés político. A morte, porém, não teve ligação com a vacina, e é investigada como suicídio pela polícia civil. O anúncio da interrupção foi feito no mesmo dia em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) noticiou que as primeiras 120 mil doses do imunizante chegariam no Estado no dia 20 de novembro e que as obras na fábrica do Instituto Butantan tinham sido iniciadas. Além disso, o governo questionou o fato de não ter sido informado oficialmente pela Anvisa. Para o comentarista Augusto Nunes, do programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, “a Anvisa fez o que deveria ser feito diante de um evento adverso”, mas o episódio mostra que o “Brasil é o país que mais politizou a vacina e a pandemia da Covid-19”.
“Foi uma decisão técnica, a entidade não é parceira de nenhuma vacina, age como árbitro. O episódio mostra que o Brasil é o país que mais politizou a vacina e a pandemia entre todos. Foi politizada a origem do vírus, a quarentena, o uso de máscaras, você fala alguma coisa é sempre por interesse político”, comentou. Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro ironizou, em seu Facebook, a decisão da Anvisa. Ao responder um comentário em suas redes sociais, Bolsonaro disse: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.” Em nota, o PSDB afirmou que “a atitude do presidente é mais uma prova de que coloca suas pretensões políticas acima de todos e realmente não se importa com a vida dos brasileiros. Cada vez mais ele parece estar do lado do vírus”.
Segundo Augusto, tanto o governador quanto o presidente agiram mal e, em vez de tratar o assunto “como uma questão de saúde e ciência”, estão usando como mais “uma questão eleitoral a ser explorada”. “Doria errou ao agir passionalmente, se precipitou e ficou indignado com a suspensão, mas é normal isso acontecer. Doria teria ganhado alguns pontos se tivesse dito: ‘vamos ver o que aconteceu, se tem problemas vamos resolver pelo caminho da ciência’. Mas errou, e não é assim que se faz com um experimento científico. E quero ressaltar que faço críticas ao presidente Bolsonaro com o intuito de ajudar, pontuo erros que tem que ser apontados. Naquele texto ele podia ter dito tudo menos a última frase ‘mais uma que Jair Bolsonaro ganha’. O episódio mostra que Doria também cometeu um erro tremendo ao exigir obrigação de uma vacina que não existe, e que pode ter erros que vão atrasar a fabricação. Não está pronta e pode demorar. Ninguém ganhou com esse episódio, todos perdemos, e era isso que devia ter realçado Bolsonaro”, finalizou o comentarista.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.