Há certa dose de ressentimento, mas Lula atrela impeachment a golpe de olho no futuro, diz Kobayashi

Para o comentarista do programa Os Pingos Nos Is, petista pode estar preparando a narrativa para eventual pedido de impedimento contra o seu governo

  • Por Jovem Pan
  • 25/01/2023 20h43 - Atualizado em 25/01/2023 21h49
FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Lula No Uruguai, Lula chamou Temer de golpista e disse que Dilma Rousseff não deveria ter sido derrubada

Mesmo após integrantes do MDB manifestarem descontentamento com a narrativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira, 25, o chefe do Executivo voltou a chamar o ex-presidente Michel Temer (MDB) de golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. Imediatamente, Temer foi às redes sociais se manifestar contra as falas do petista. Segundo o ex-presidente, Lula parece insistir em manter “os pés no palanque e os olhos no retrovisor, tentando reescrever a história por meio de narrativas ideológicas”. Por fim, Temer disse que o Brasil não foi vítima de golpe e que o impeachment é resultado de pena aplicada a quem infringe a Constituição. A série de mensagens foi postada após a fala de Lula nesta quarta-feira, 25, no Uruguai e ao lado do mandatário local, Luis Lacalle Pou, em que o petista comentou sobre a situação do país pós-saída do Partido dos Trabalhadores do poder — ele afirmou ter assumido um país “semidestruído”. “Quando deixamos a Presidência, o Brasil era a sexta economia do mundo, agora voltamos e o Brasil é a 13ª. Isso significa que tudo que fiz de política social durante 13 anos de governo foi destruído em sete anos. Três do golpista Michel Temer e quatro do governo [Jair] Bolsonaro“.

Durante o programa Os Pingos dos Is, da Jovem Pan, o comentarista Nelson Kobayashi relembrou que Lula, em todas as oportunidades que tem de se referir ao impeachment, usa a palavra golpe. Não é à toa, diz o integrante do programa. “Tem uma dose de ressentimento, de olhar ao passado. Mas não é só para o passado, ele quer, na verdade, olhar para o futuro como forma de preparação de uma narrativa da pretensão de criação de um senso comum”, afirmou. O analista ressaltou que a grande quantidade de vezes em que o petista salientou achar o impeachment da Dilma um golpe pode ser um preparativo para eventuais brigas pelo seu próprio impedimento no futuro. “Não deixa de ser uma narrativa olhando para frente. Daqui a pouco, em alguma brecha que o governo federal der, alguém levantará a possibilidade do impeachment dele, e aí o discurso está pronto. ‘Impeachment como o da Dilma, que foi golpe?’ É intencional essa correlação de impeachment com golpe. Não foi golpe”, finalizou.

Confira o programa desta quarta-feira, 25:


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