‘Meu problema durante a pandemia foram decisões tecnocratas de Doria’, diz prefeito de São José dos Campos
Segundo Felício Ramuth, abordagens do governo estadual são feitas com base em grandes cidades, e não servem para as pequenas: ‘É frustrante não poder tomar decisões que eu e os meus próprios técnicos achamos corretas’
O prefeito de São José dos Campos, interior de São Paulo, Felício Ramuth (PSDB), afirmou nesta terça-feira, 15, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que discordou de diversas decisões tomadas pelo governador do Estado, João Doria (PSDB), para o enfrentamento da pandemia da Covid-19. Ramuth, que testou positivo para a doença neste sábado, 12, e se recupera bem, disse que foi “uma grande frustração” não poder tomar decisões que ele e os seus próprios técnicos achavam corretas. “Quando sai um decreto do governo eu preciso seguir, mesmo que seja contra o que eu acredito e as orientações dos meus próprios técnicos. Meu maior problema durante a pandemia foi a abordagem tecnocrata de enfrentamento à doença”, declarou.
Para o prefeito, as abordagens do Centro de Contingência do Coronavírus de SP são feitas com base em grandes cidades, e não servem para as pequenas, como São José. “Estamos há 10 meses vivendo essa pandemia, está na hora de entender os dados. Mas as atitudes são as mesmas, tentativas e erros que estavam sendo feitos nos primeiros dois, três meses. Tenho um grande respeito pelos técnicos do Centro de Contingência, eles são muito bem formados, mas conhecem a realidade dos grandes centros, têm pouco contato com as pequenas cidades. Não é nada pessoal, apenas discordamos das soluções técnicas, porque não entendem a realidade de cada cidade ou região”, afirmou Ramuth. O prefeito contou que, no dia 17 de abril, antes de ser anunciado o Plano São Paulo, fez um decreto de isolamento seletivo, porém não pode segui-lo. Além disso, relatou que os professores da cidade estão trabalhando desde junho nas escolas preparando os materiais, mesmo sem os alunos de forma presencial, e que a intenção é retomar as aulas no início de 2021, com ensino à distância. “Só não voltamos antes por questão de logística, porque o trabalho estava sendo feito muito bem feito”, disse.
De acordo com Ramuth, há abusos ocorrendo por parte do governo estadual, em privar liberdades individuais, e também da população, que continua promovendo aglomerações e fazendo festas. Ele elogiou, no entanto, as atitudes de Doria em relação a vacina da CoronaVac. “Pelo menos ele está tentando fazer com que o processo seja acelerado com o governo federal”, afirmou. Nesta segunda-feira, 14, o Instituto Butantan anunciou que vai submeter os estudos de fase 3 da vacina para análise da Anvisa e autorização definitiva — não para uso emergencial — no dia 23 de dezembro. “Será a primeira vacina no mundo com os estudos concluídos e que poderá obter o registro definitivo para imunizar milhões de pessoas”, disse Doria na ocasião.
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