Milton Ribeiro defende volta às aulas, mas afirma que decisão não cabe ao MEC

Ministro disse também que, desde a criação das cotas raciais e sociais, vem ‘desaparecendo’ a ideia de que só há ricos nas universidades: ‘70% vem de família com renda per capita de 1.5 salário mínimo’

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2020 20h43
Reprodução Ribeiro também elogiou a proposta final do Fundeb e ressaltou que a sua principal função no MEC será melhorar a educação básica

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira, 26, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que por ele as aulas seriam retomadas no Brasil. Há uma grande discussão sobre a reabertura das escolas devido à pandemia da Covid-19 e, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o aval cabe aos governadores e prefeitos. “Tem que ficar claro que eu não tenho como agir nas políticas estaduais e municipais, não tenho nenhum poder para falar sobre a retomada. Nossa Comissão Nacional de Educação optou por ouvir os gestores e os pais”, explicou. Ribeiro disse, no entanto, que “não acredita que será um ano perdido”, mesmo com a realização das aulas à distância.

“Tive o cuidado de ouvir os outros países mais avançados do que o Brasil, eles também não sabem o que fazer. Não temos como voltar no tempo, então precisamos de alguma atitude, talvez reforçar o ensino e tentar conversar com os gestores. Porém, o MEC só pode dar um palpite, uma sugestão, não tem o poder de dar o ano como perdido”, afirmou o ministro. Ele lembrou que o País têm dimensões continentais e, por isso, algumas realidades seriam diferentes em seus extremos. Por isso, para a retomada, precisariam ser avaliados fatores como a transmissibilidade e a quantidade de casos da Covid-19 em cada região. “Por se tratar de crianças, temos que ter um pouco mais de cautela”, completou.

‘Ideia de que só tem ricos nas universidades não é real’

Ribeiro também elogiou a proposta final do Fundeb e ressaltou que a sua principal função no MEC será melhorar a educação básica brasileira. Para ele, nos governos anteriores houve uma reforma do ensino superior, com a criação de várias universidades federais, e faltou trabalhar o alicerce, que é o ensino fundamental. Além disso, o ministro ressaltou que, desde a criação das cotas raciais e sociais, vem “desaparecendo” a ideia de que só há ricos nas universidades. “Pela nossa estatística aqui no MEC, de 2017, 70% dos nossos alunos tem uma renda per capita familiar de 1.5 salário minimo. A ideia que prevalecia que só gente rica entrava nas universidades federais foi desvanecendo. Só este ano o MEC gastou com o repasse do programa de assistência dos estudantes mais de R$ 1 bilhão”, afirmou.

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