Prefeito de Aparecida narra caos do desemprego com restrições em SP e se emociona: ‘Cidade passa fome’

Segundo Luiz Carlos Siqueira (Podemos), mais de 70% dos moradores do município, que vive em volta do turismo religioso, estão desempregados

  • Por Jovem Pan
  • 17/03/2021 20h34 - Atualizado em 17/03/2021 20h48
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Prefeitura de Aparecida/Facebook/11.03.2021 Homem de camisa azul e cabelos pretos Prefeito Luiz Carlos Siqueira falou sobre problemas financeiros da cidade

Município de pouco mais de 36 mil habitantes no interior de São Paulo, a cidade de Aparecida, que vive majoritariamente da atividade do turismo religioso, encontra-se no meio de um caos com as restrições de circulação impostas pelo Governo de São Paulo, atualmente em fase emergencial contra a Covid-19. Segundo o prefeito da cidade, Luiz Carlos Siqueira (Podemos), entrevistado pelo programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 17, mais de 70% da população está desempregada. “Aparecida perdeu ao longo desses 12 meses 12 milhões de peregrinos. É bem sabido que Aparecida é depositária da fé e da esperança do nosso povo. Nossa cidade vive em função da fé, da peregrinação. Nosso sócio econômico se sustenta aos pés da Mãe Aparecida, da padroeira do Brasil, nós não temos uma outra atividade aqui”, lamentou o prefeito, que garantiu não fazer uma colocação de caráter político e narrou uma situação trágica e desesperadora.

“Socioeconomicamente é uma tragédia, uma tristeza se viver aqui, uma tristeza muito maior estar na condição de prefeito governando uma cidade hoje que passa fome. Uma cidade que não tem mais liquidez. Eu não tenho mais recursos próprios, porque se as pessoas não têm mais dinheiro para se comer, muito menos elas terão dinheiro para pagar os tributos”, disse, emocionado. Siqueira lembrou que outras cidades do estado funcionam com ajuda de empresas e indústrias, enquanto Aparecida é movida pela fé. “Hoje a cidade está fechada, o santuário não tem missa. Estamos aqui suplicando ao Deus pai todo poderoso uma bênção para que a gente possa resolver nossa tragédia socioeconômica”, afirmou. Para o prefeito, a abertura do comércio seria a primeira atitude que ele tomaria caso tivesse autonomia. Usando dados da pandemia na cidade, ele acionou a Justiça contra o decreto do governador João Doria e conseguiu uma liminar para continuar na Fase Laranja do Plano SP, que permitiria a abertura parcial dos serviços. A liminar, porém, foi cassada em seguida.

Na última semana, o prefeito foi até Brasília e conversou com o ministro da Cidadania, João Roma, em busca de cestas básicas para tentar alimentar a população. Hoje, ele acredita que a crise da Covid-19 se propagará no país ao longo de 2021. “A minha cidade já está liquidada. Penso que vamos ter que refazer as nossas convicções aqui”, afirmou. Para ele, os Estados têm agredido os preceitos constitucionais dos municípios ao impor restrições. “Ninguém está tratando a pandemia com irresponsabilidade. Muito pelo contrário, nós estamos tratando com muita responsabilidade, só que a gente precisa flexibilizar à medida que os números vão nos favorecendo na pandemia, a gente vai liberando um pouco o comércio e a gente vai cuidando de duas crises antagônicas e graves”, disse o prefeito. Todo o estado de São Paulo está submetido à fase emergencial do Plano SP até o dia 30 de março. Até lá, apenas serviços considerados essenciais (farmácias, supermercados, postos de gasolina, hospitais e outros poucos serviços) poderão funcionar. O boletim epidemiológico mais recente da cidade mostra que desde o início da pandemia 1.785 casos da Covid-19 foram registrados e 42 óbitos foram registrados. A cidade recebe doações de cestas básicas na prefeitura.

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