Thaméa Danelon: STF se opõe à Constituição ao pedir operação contra Salles sem ouvir MP

Procuradora da República falou sobre operação da Polícia Federal que investiga o ministro do Meio Ambiente e que afastou presidente do Ibama

  • Por Jovem Pan
  • 19/05/2021 20h33 - Atualizado em 19/05/2021 21h35
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados - 03/05/2021 Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles durante reunião na Câmara dos Deputados Operação pediu quebra de sigilo bancário do ministro Ricardo Salles

Entrevistada pelo programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, desta quarta-feira, 19, a procuradora da República Thaméa Danelon falou sobre a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de pedir o afastamento do presidente do Ibama, Eduardo Bim, investigado em operação que apura suposta exportação ilegal de madeira e tem como um do alvos o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Na decisão, Moraes afirmou que a Procuradoria-geral da República só deveria ser comunicada após cumprimento das diligências, algo que causou estranheza à especialista. “No sistema acusatório, as funções dos operadores do direito são bem separadas. Tem a função de acusar, que é exclusiva do Ministério Público, de defender, que é referente aos advogados e defensores públicos, e de julgar, do poder Judiciário. O Ministério Público é o titular da ação penal, ou seja, somente o Ministério Público que pode processar alguém criminalmente, quando a gente está falando de uma ação penal pública, que é a maioria dos casos”, detalhou, explicando que o MP é sempre ouvido previamente em grandes operações.

“Me estranhou muito essa operação. O próprio Procurador-geral da República se manifestou, que não foi ouvido, ainda mais em uma operação dessa monta, onde envolve um ministro de Estado. É contrária às regras do próprio Código de Processo Penal e também contrária às regras da própria Constituição, que prevê o sistema acusatório”, explicou. A procuradora lembrou que, neste momento, cabe ao PGR, Augusto Aras, se manifestar sobre o ocorrido. “Uma investigação pode ser aberta por várias fontes, agora, sempre que uma investigação é aberta pela polícia, o Ministério Público tem que acompanhar essa investigação, porque as investigações têm um prazo fixado no Código de Processo Penal, quando esse prazo é atingido, é necessário pedir a prorrogação desse prazo, e quem concorda ou não é o próprio MP. No futuro, é o Ministério Público que vai processar eventualmente esses investigados. Não existem investigações criminais sem o acompanhamento do Ministério Público”, afirmou.

Confira o programa “Os Pingos Nos Is” desta quarta-feira, 19, na íntegra:

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