Bebianno diz que Waldir amava Bolsonaro: ‘Presidente destruiu seu último pilar, o PSL’
O ex-ministro Secretaria-Geral do governo, Gustavo Bebianno, criticou, nesta sexta-feira (18), a postura do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em entrevista ao Pânico, ele disse que Bolsonaro “destruiu tudo” ao redor de seu governo e comentou, inclusive, a relação do presidente com líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir.
Ao falar sobre a crise no PSL e a tentativa de destituir Waldir do cargo para colocar o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Bebianno lamentou as ações de Bolsonaro. “Ele vai destruindo tudo. O próprio presidente já se implode: implodiu a relação com o Congresso, com os militares, com dirigentes. O último pilar de sustentação que ele ainda tinha, que era o próprio partido, sua casa, ele faz esse nível de racha. Com pessoas que o amavam”, disse.
Segundo o ex-ministro, Waldir “amava” Bolsonaro “muito antes das milícias virtuais existirem”. Ele conta que foi o deputado quem, “quando ninguém acreditava que Jair pudesse ser eleito”, por falta de dinheiro, tempo de televisão, entre outros, que deixou seu próprio partido para migrar para o PSL e apoiar Bolsonaro.
“[Waldir] abandonou R$ 2,5 milhões de fundo partidário para acompanhar Bolsonaro. Ele não precisa no Bolsonaro para se eleger, ele foi o deputado federal mais votado de Goiás antes, e no ano passado foi novamente”, ressaltou.
Sobre o áudio em que o delegado diz que vai “implodir” o presidente, Bebianno disse que esse foi um efeito colateral após ter sido atacado dentro da legenda.”O Waldir sempre teve uma postura profissional. Sofreu muito com fogo amigo, não vou mencionar nomes, mas fizeram de maneira covarde e ele sempre foi sereno, equilibrado. Ok. Mas aí ele é tão acredito pessoalmente, começam fofocas, é tratado como desonesto, traidor, que vai tomando raiva. Fica indignado. Quando o amor é muito grande pode virar ódio. E pode virar muito ódio.”
Os filhos de Bolsonaro
O ex-ministro criticou, também, os filhos de Jair Bolsonaro e o que chamou de sistema “imperialista e monarca”. Segundo ele, Flávio, Eduardo e Carlos são “os três maiores problemas do governo”, já que são “mimados” e sempre “mamaram nas tetas do governo”. Para ele, o principal erro do presidente é aceitar tudo o que os filhos querem. “Infelizmente, o núcleo duro dele é muito radical, não tem experiencia e bagagem de vida alguma e alimentam um lado que talvez não seja o melhor dele [Bolsonaro].”
“Para a família Bolsonaro, ninguém presta. Todo mundo é traidor. Se você tiver um item de divergência com eles, você é considerado traidor ou ‘isentão’. Eu não conheço ninguém mais ‘isentão’ que o Carlos. Que faz tudo pelas costas, faz bombardeio usando outras pessoas e depois foge. Ele é covarde e não dá a cara para bater”, continuou.
Bebianno disse, ainda, que Eduardo precisa comer “muito feijão” para ser um líder da direita e disse não concordar sobre sua indicação para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos. “Sem experiência e com muito poder. O Eduardo não faz a ideia da dificuldade do cargo. Qualquer brasileiro que queira a função diplomática tem que fazer uma prova dificílima. Tenho três MBAs, mestrado em finanças, 30 anos de advocacia e, se eu quisesse ser diplomata, teria que estudar um ano, ou não sou aprovado. Tem que ter noções de muitas coisas”, afirmou.
Candidatura
Questionado sobre uma possível volta ao PSL, Bebianno disse que nada é impossível, mas que não era um cenário provável. Ele não negou, no entanto, a possibilidade de uma candidatura por outro partido para a prefeitura do Rio. “Eu acho que eu poderia ajuda a fazer muito pelo Rio de Janeiro, que está metade na mão das milícias, metade de traficantes. Eu estou a disposição se houver um bom convite, um bom projeto que eu considere viável, mas por enquanto estou fora”, disse.
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