Candidato da UP à Presidência lamenta herança da ditadura e promete ‘colocar o povo nas decisões’
Em entrevista ao Pânico, o presidente nacional da Unidade Popular falou sobre seu programa de governo e a situação política do país
No último domingo, 24, a Unidade Popular (UP), segundo partido mais novo do Brasil e ligado a diversos movimentos sociais, aprovou a candidatura de Leonardo Péricles à Presidência da República. Ele concorrerá ao cargo tendo como companheira de chapa a dentista Samara Martins, que pertence à mesma legenda. Em entrevista ao Pânico desta terça-feira, 26, o candidato falou sobre sua história, seu plano de governo e sobre a conjuntura política do país. Dentre os pilares citados por Péricles para seu eventual governo, está a inclusão do povo brasileiro em decisões centrais do governo federal. “O programa que nós defendemos tem base coletiva. Qual que é a saída para política no Brasil? Unir o povo, colocar o povo diretamente nas decisões. Tem uma diferença muito grande no nosso programa, porque além da base antirracista, o que ele pretende? Não é incluir os pobres no Orçamento, mas, sim, fazer os pobres mandarem no Orçamento. Qual que é o problema dessa fragilíssima democracia que nós vivemos? É que o povo nunca foi chamado para tomar as decisões centrais”, argumentou o candidato.
Péricles também citou outro pilar de sua atuação político-social e que será base de seu governo: a luta antirracista, citando a “ausência de negros e negras” nos espaços de poder, mesmo representando a maioria da população brasileira. “O objetivo central da gente ter essa candidatura nossa é conseguir levantar a bandeira antirracista no Brasil. Nós somos a maioria da população, mas a maioria dos programas não tem nenhum negro. No Congresso Nacional não tem nenhum negro. Nos espaços de poder, nós não estamos lá. No Judiciário, nós não estamos. E veja que situação é essa que falamos de um país em que estamos em algumas maiorias. Nos presídios, a maioria é negros e negras. A maioria dos mortos pela polícia é negros e negras”, explicou Péricles.
Ao falar sobre a “justiça de transição”, defendida em seu plano de governo, o candidato lamentou a herança da ditadura militar no país e afirmou que o Brasil tem que contar a sua história da maneira correta. “Na ditadura, houve muito crime. Eles torturaram até criança, estupraram, mataram milhares de pessoas e ocultaram cadáveres. O Brasil é o único da América do Sul que não puniu ninguém que fez isso. A impunidade do passado leva à do presente. Nossa juventude negra e pobre está sendo massacrada. A herança da ditadura está na Polícia Militar, por isso que elas operam com tanta violência. Ficam buscando um inimigo. Quem que é o inimigo? O pobre e o preto. Está errado isso. O que defendemos? Uma justiça de transição séria. Tem que punir, contar nossa história direito. Não pode ter monumento fazendo apologia a escravocrata. Esses monumentos têm que ir para o museu para contar a história correta de quem foram eles. O resultado é o desastre que nós temos hoje”, afirmou Péricles.
Durante debate sobre propostas para segurança pública, Péricles também afirmou que os movimentos e representantes da esquerda possuem propostas para a segurança pública que envolvem outras áreas e afirmou que a violência não surge espontaneamente, mas da ausência do Estado em determinadas localizações. “A esquerda de verdade tem programa para segurança pública: profundo investimento em saúde, educação e moradia. Porque a violência não é espontânea, ela é da ausência provocada do Estado. Nossa meninada preta em maioria nesse país é abandonada na periferia acaba sendo ganha por um mercado. Por que o Estado não está lá? Porque não tem uma escola fantástica para essa molecada, em vez de ser disputada para esse mercado errado, poder estudar”, explicou o candidato.
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