‘Comunismo é a proposta mais generosa que a humanidade já produziu’, diz candidata do PCB à Presidência

Em entrevista ao Pânico, Sofia Manzano deu detalhes sobre as propostas de sua candidatura e fez críticas ao ex-presidente Lula: ‘Fez um governo voltado aos grandes bancos’

  • 22/08/2022 16h52
Reprodução/Jovem Pan News Sofia Manzano Sofia Manzano foi a convidada do programa Pânico desta segunda-feira, 22

Nesta segunda-feira, 22, o programa Pânico recebeu a presidenciável Sofia Manzano. Candidata do PCB à Presidência da República, ela fez críticas ao capitalismo e afirmou que sua candidatura busca propor medidas emergenciais para a fome e as necessidades da classe trabalhadora no Brasil. “O PCB tem uma estratégia revolucionária, a gente acredita que o capitalismo não deu certo e está mostrando seu limite. Temos uma quantidade de pessoas muito grande passando fome, e por outro lado, riqueza sendo concentrada na mão de pouquíssimas pessoas. Isso gera déficit democrático, com o poder do dinheiro comprando as estruturas politicas de mídia e propaganda, a gente pode ver o tanto de fake news que são propagadas com relação a proposta dos comunistas e ao que a gente pensa e está propondo para o Brasil. Quando colocamos nossa candidatura, a gente quer mostrar para a população brasileira que existe a possibilidade de promover medidas emergenciais para agora, não para o comunismo. A revolução é outro processo”, afirmou. Segundo ela, o modelo comunista seria mais democrático, ecológico e igualitário ao planeta. “O comunismo não é uma crença, é uma necessidade. Ou a gente muda a forma como os seres humanos organizam a produção de forma mais igualitária, democrática, de forma que tenha menos impacto ambiental, ou é a própria destruição do planeta e dos seres humanos. O comunismo é a proposta mais generosa que a humanidade já produziu para a própria humanidade, não é para um grupo de pessoas. O que a gente tem que discutir de verdade é o Brasil”, acrescenta.

A candidata ainda esclareceu os motivos pelos quais seu partido apostou em uma candidatura própria e não na do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como fizeram PSOL e PC do B. “A gente não apoia o Lula desde 2005, porque acreditamos que o governo petista, nestes anos todos em que governou o país, fez uma política voltada aos interesses dos empresários, dos grandes bancos e do mercado financeiro. É verdade o que o Lula fala: nunca os bancos ganharam tanto dinheiro no Brasil quanto no período em que ele foi presidente. Em compensação, não houve mudanças estruturais significativas para melhorar as condições de vida da classe trabalhadora”, opinou. Manzano também comentou sobre os escândalos de corrupção nos governos petistas e a chapa Lula-Alckmin. “Corrupção tem no Brasil em todos os governos, como está tendo agora de forma bastante acentuada. A gente não tem muito o que falar sobre a estratégia que os outros presidentes tomam na sua candidatura, o que eu acho é que esse bloco que foi formado mais uma vez vai numa direção de privilegiar os mais ricos, a classe dominante, os empresários e o agronegócio, não fazer as mudanças estruturais que a gente está propondo e deve ser feita no Brasil”, disse. Entre suas propostas de governo, a que mais causa polêmica é a de redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem cortes no salário. Sofia garante que sua sugestão é possível de ser realizada e geraria mais empregos e maior qualidade de aprendizado entre estudantes que conciliam a faculdade ou escola com o trabalho. “Hoje, a educação é um grande problema para a juventude, não só por não ter um sistema público de educação que proporcione vaga para todos estudarem, mas principalmente porque as mudanças que foram feitas no mercado de trabalho têm levado a juventude a ficar extenuada de tanto trabalhar e não ter tempo para estudar. Há uma precarização muito grande na educação por falta de tempo. A principal proposta que temos hoje para o nosso governo é a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial. A juventude trabalhadora tem apoiado muito essa proposta, os demais trabalhadores e trabalhadoras vieram falar comigo que não tem tempo para descansar”, garantiu. “Você pega duas horas de ônibus para ir, duas horas para volta, são dez horas. Não tem tempo para viver, quando vão descansar, não conseguem aproveitar aquilo a não ser descansando mesmo, o corpo não recupera. Imediatamente você aumenta 50 por cento de vagas no emprego formal. Todas as grandes empresas do Brasil estão batendo recordes de lucratividade, isso significa que as empresas estão ganhando, só que estão explorando cada vez mais a classe trabalhadora, aumentando a jornada de trabalho e reduzindo a media salarial.”

Sofia Manzano ainda defendeu que a população incorpore as discussões políticas para o dia a dia além das eleições, com organização e mobilização política. “As pessoas precisam participar da política, e participar não é só votar. O tempo todo que a gente tem um problema que envolve a política, as pessoas têm que se organizar e entender aquele processo para fazer a mudança política acontecer. Fala-se muito que precisa no Brasil ter maioria no Congresso para o desenvolvimento econômico, para negociar de alguma forma. O Congresso é importante e tem o seu papel, no entanto, se a gente ficar refém ao balcão de negócios, nunca fará modificações importantes na estrutura brasileira. Por isso, e importante que quem está nos escutando se organize, venha para a luta politica qualificada, não apenas no momento do voto”, concluiu.

Confira na íntegra a entrevista com Sofia Manzano:

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