Delegado critica ‘hostilização’ da polícia em São Paulo: ‘Bandido começa a ficar mais folgado’
Em entrevista ao Pânico, Jair Ortiz disse que agentes de segurança são tratados como ‘violentos e corruptos’: ‘Você vai a uma audiência e sai humilhado’
Nesta segunda-feira, 7, o programa Pânico recebeu o delegado Jair Ortiz. Em entrevista, ele falou sobre o trabalho policial no Estado de São Paulo e criticou o afastamento de outras autoridades do Estado do trabalho da polícia. “O que a gente pode fazer é trabalhar com o que tem. A gente tem que pensar o que tem para hoje e o que pode fazer para aprimorar. Acho que essa é a principal luta. Essa hostilização ao trabalho policial, por parte inclusive de poderes do próprio Estado. É como se todo policial fosse violento e corrupto. Tudo que o policial fez e falou é colocado sob suspeita imediatamente”, disse. “Se a gente não aprender a lidar com isso, fica muito mais difícil lidar com Cracolândia e o que vem pela frente. As pessoas que compõem o Estado precisam aprender a respeitar o policial. Eu não saio por aí pensando em prender fulano para praticar um abuso de autoridade porque me deu vontade de fazer isso. Eu vou prender porque ele está traficando, por exemplo. Só que você vai em uma audiência e chega a ser humilhado. Tentam arrancar de você uma frase para comprometer todo o seu trabalho. A história principal, que é o roubo e o tráfico, fica em segundo plano. Você passa a ser acusado, ao passo que o bandido começa a ficar mais folgado”, complementou.
Ortiz ainda relacionou a alta dos crimes com o investimento em educação e formação. “Eu venho observando mudanças sociais, a anarquia vem tentando entrar no Brasil há muitos anos, cada vez com maior sucesso. Nós vivemos um momento de um certo enfraquecimento do Estado, especialmente da polícia, e o aumento das liberações de direitos individuais. Quando passa do limite do direito, complica. Posso dizer sem medo de errar que 90% dos crimes saem das mãos de pessoas com baixíssima escolaridade”, falou. “Falando da Cracolândia, das cenas abertas de uso, estamos fazendo um levantamento estatístico, isso nos mostra que passa de 90% com facilidade o número de usuários que no máximo tem o primeiro grau completo. São raros os que tem segundo grau e raríssimos os que tem acima de segundo grau. A gente tem matematicamente isso comprovado, são raros os que possuem formação. Não estudar no Brasil te aproxima do crime, ou para ser vítima ou para ser autor. Aí que está o problema”, concluiu.
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