Doleira da Lava Jato ficou sem água e comida em cela para fazer delação
Em entrevista ao Pânico, a doleira Nelma Kodama afirmou que quer fazer um programa sobre os bastidores da Lava Jato
A doleira Nelma Kodama, primeira presa pela operação Lava Jato, contou, em entrevista ao Pânico nesta quarta-feira (7), que ficou “alguns dias” sem água e comida na cela. Segundo ela, isso aconteceu porque a Polícia Federal queria que ela fizesse uma delação premiada.
“Eu fiquei sem água e sem comida durante alguns dias. Era uma cela sem luz com um colchão cheirando a xixi. Eu não podia comer, não podia nada, não tinha direito a banho de sol”, disse Kodama.
A ex-dentista acabou se tornando delatora e fez um acordo com a Justiça. Nessa terça-feira (6), ela retirou a tornozeleira eletrônica que estava utilizando. A decisão teve como base o indulto natalino editado pelo ex-presidente Michel Temer em 2017.
Condenada em 2014 a 18 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e organização criminosa, Nelma Kodama afirmou que não se arrepende do que fez. “Eu não me arrependo de nada na minha vida, não adianta a gente olhar para trás”, afirmou.
Ela ainda tem outros 15 inquéritos, mas explicou que o acordo de delação premiada que firmou com a Justiça garante que não será condenada em nenhum deles. “Não serei condenada nesses inquéritos, mas tenho que colaborar com a justiça sempre que for convocada”, disse.
Primeira presa pela Lava Jato e condenada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Kodama disse que não acredita que a operação da PF tenha acabado com a corrupção no país. “Ainda tem político corrupto. A corrupção é sistêmica, não acabou”, afirmou.
Agora em liberdade, Nelma Kodama pretende fazer um programa mostrando os bastidores da Lava Jato, mas de forma ” educativa, séria, sem esculhambação”. Ela pretende retomar a vida e se aposentar aos 60 anos. “Eu ainda estou enterrada viva. Tiraram tudo, tudo aquilo que trabalhei durante toda minha vida. Eu trabalhei, não roubei ninguém”, lamentou.
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