Humorista e ex-militante do PT critica pautas identitárias: ‘Esquerda da minha época gostava de armas’
Em entrevista ao Pânico, Mhel Marrer afirmou que não existia o ‘politicamente correto’ quando fazia parte do Partido dos Trabalhadores
A humorista do programa ‘A Praça É Nossa’, Mhel Marrer foi a convidada desta quinta-feira, 15, no programa Pânico. Com histórico de militância no Partido dos Trabalhadores (PT), Mhel afirmou que as atuais pautas da esquerda são diferentes das de sua época de atuação. “Eu fui do PT por muito tempo, eu saí quando o Lula indicou a Dilma por cima de toda a base do partido. Dentro do PT existem tendências, eu fazia parte da ‘O Trabalho’, depois racharam e passei a fazer parte da ‘Esquerda Marxista’. (…) É insuportável, porque a esquerda da minha época, a raiz, a gente gostava de armas. Não existia esse politicamente correto. Isso pra mim é coisa de gente que ganhou dinheiro, sabe? É sempre um problema de gente rica. Apropriação cultural e palmitagem é pauta de negro rico. Questões de gênero é coisa de gay rica. Porque quem é pobre sabe que o problema é a violência, a opressão, pessoas sendo exploradas e tratadas como escravos. Eu sou a favor do serviço público, essa é a diferença. Todo o resto que foi inventado por cima é insuportável.”
A humorista ainda relembrou de quando foi criticada por Eduardo Bolsonaro por uma piada que fez associando o presidente a uma letra da música Faroeste Caboclo, do Legião Urbana, nas redes sociais. “Bolsonaro, Carluxo e Bananinha me bloquearam por uma piada. O presidente estava em Ceilândia, e pensei em Faroeste Caboclo. Falei ‘cadê o Jeremias agora que a gente precisa?’, eu ganhei um monte de seguidores, ganhei ameaças, mas era uma piada.” No tweet em questão, Mhel respondeu ao presidente Jair Bolsonaro. “Cadê o Jeremias que atira pelas costas na Ceilândia em frente ao lote 14 quando a gente precisa?”
Marrer, que também é roteirista, afirmou não se incomodar com críticas e cancelamento. Para ela, no entanto, existem limites no humor. “Eu não acho ruim o cancelamento no sentido de opinião, e nem o processo, porque todo mundo processa. Eu tenho o meu limite pra tudo, pra mim o limite do humor é a opinião de quem tá pagando. O SBT não se incomoda. Todo mundo sabe que eu sou esquerdista. Mas essa é minha opinião, não é necessariamente o politicamente correto e a lacração, até porque isso me irrita. Eu sou a favor de qualquer piada justamente para poder fazer minhas piadas contra o governo. É lógico que tem a consequência do que você fala, caso minha piada tenha uma ameaça de morte, eu cometi um crime.”
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.