‘Liberdade não se impõe, se conquista’, diz Nany People sobre luta LGBT

Em entrevista ao Pânico, a artista criticou a Parada do Orgulho LGBT e reforçou que ‘em uma democracia, é preciso respeitar as opiniões que você não concorda’

  • Por Jovem Pan
  • 09/12/2020 15h41 - Atualizado em 09/12/2020 16h28
Imagem: Reprodução/Pânico Em entrevista ao Pânico, Nany People lembrou adversidades e preconceitos que enfrentou para atingir o sucess

Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 9, a artista Nany People lembrou o início de sua carreira e as lutas que precisou enfrentar para alcançar o sucesso. “Meu negócio sempre foi o teatro. Aos 4 anos de idade, subi no palco de uma quermesse e cantei para ganhar um brinquedo rosa que meu pai não queria me dar. Ali, ficou claro que teria que fazer por mim mesma para alcançar tudo o que eu quisesse na vida. Aos 10 anos, comecei a estudar teatro e, aos 20, fui para São Paulo. Ganhei dinheiro fazendo shows em teatros e eventos, só não virei put* por falta de talento porque vocação eu tenho”, brincou. Nascida em Minas Gerais, a artista revelou que a descoberta da sexualidade foi um passo fundamental em sua jornada. “Só me descobri transexual em São Paulo, mas sempre me senti uma fruta fora do balaio. Em 1973, aos 8 anos, eu não podia sair para o recreio na escola. A diretora chamou minha mãe e disse: ‘você sabia que o seu filho tem um problema?’, mas mamãe respondeu: ‘não é um problema, é a condição dele e cabe à senhora, como educadora, fazê-lo a pessoa mais feliz do mundo’. Dessa forma, minha mãe me ensinou muito sobre autoestima e amor próprio. Ainda fiz acompanhamento psiquiátrico até os 18 anos para superar o ‘desvio’ da sexualidade, mas não adiantou nada”. Apesar dos preconceitos, Nany People alicerçou sua carreira sendo uma das primeiras drags a atingir projeção nacional. “Existia a opressão, mas a gente fazia acontecer. Eram outros tempos, era difícil. A vida não é a felicidade do Instagram, por exemplo, eu lutei 18 anos para conseguir me registrar como ‘Nany People Cunha Santos’ no cartório. É devagar que a vida segue”.

Conhecida pelas opiniões polêmicas, ela reforçou seu posicionamento sobre a Parada do Orgulho LGBT. “Mantenho a mesma visão há 20 anos. A Parada Gay se tornou uma ode para instigar todo mundo a vir para São Paulo exigir e gritar por respeito. No entanto, quando realmente precisa-se da comunidade LGBT para salvar alguém de uma atrocidade, não aprece um. Liberdade você não impõe, mas conquista. A política se faz no cotidiano, dentro de casa, no trabalho e na sua própria rua. Só assim você ganha o mundo”. Ainda comentando sobre política, a humorista contou que brigou com outros artistas durante o segundo turno das eleições municipais de São Paulo. “No sábado, véspera das eleições, recebi um monte de recado dos meus amigos atores pedindo que eu votasse no Boulos. Respondi as mensagens afirmando que votaria no Bruno Covas. Então, a confusão se armou. Pessoas disseram que eu só escolhi o tucano por estar na zona de conforto. Retruquei: ‘quem são vocês para falar de zona de conforto? Sempre trabalhei e trabalho até hoje’. O engraçado é que, quando você diverge da opinião que está na moda, é atacado. Mas na democracia também é preciso respeitar as opiniões que você não concorda”, concluiu.

Confira a entrevista com Nany People:

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