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Nathalia Dill discute assédio na TV: “temos que estar atentos para defender quem não tem voz”

Nathalia Dill no Pânico

Completando 10 anos de televisão nesta semana, Nathalia Dill diz “ter sorte” por nunca ter sofrido assédio nos bastidores. No Pânico na Rádio desta quinta-feira (19), a atriz reconheceu que essa é uma realidade e defendeu o papel de artistas maiores de defenderem aqueles que, muitas vezes, não conseguem se proteger.

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“Nunca fui assediada, posso ter tido sorte, mas não vou dizer que não tem porque a gente sabe que acontece”, disse Nathalia. “O problema do assédio é hierárquico. O diretor propõe um personagem, mas diz: ‘só se você der para mim’. Isso acontece e você se vê em uma sinuca de bico. Eu nunca estive nessa sinuca de bico nem na TV nem no teatro e rezo para não estar porque você é uma vítima, fica coagido”, falou.

“Hoje eu tenho mais poder e mais voz. Por isso tem que ter diálogo e estar atento para defender quem não tem voz. Assistentes acabam sofrendo mais assédio moral e sexual então a gente que tem mais poder tem que defender as suas vozes”, afirmou.

Ao falar sobre os casos em que as mulheres se tornam vítimas na sociedade, Nathalia citou o documentário “Primavera das Mulheres” que participou e falou, exatamente, sobre a “prisão” que o mundo pode ser para o sexo feminino.

“A maior prisão e o maior assédio é o fato de não podermos andar na rua e estar na rua. Fui criada para olhar para baixo porque se eu cruzar o olhar [com um homem] eu estou dando margem”, se indignou. “O mundo não pertence às mulheres”, lamentou.

“Fulaninha e Dona Coisa”

No mesmo ano em que completa 10 anos de televisão, Nathalia Dill conseguiu retornar aos palcos – onde começou sua trajetória como atriz – depois de 6 anos afastada do teatro. Na comédia “Fulaninha e Dona Coisa”, ela discute o que aproxima e distancia uma empregada e sua patroa.

“São dois universos que se encontram e com humor e crítica falamos da diferença social do oprimido e do opressor”, explicou. “Elas se encontram, independente de classe, se únem e precisam uma da outra”, avaliou.

A peça ainda toca em outro assunto delicado: a questão racial. No espetáculo, Nathalia Dill vive a empregada enquanto a atriz Wilma Mello, que é negra, vive sua patroa.

“Está no estereótipo das pessoas entenderem como correto a empregada ser negra e a patroa ser branca”, disse ao explicar a provocação

“Fulaninha e Dona Coisa” está em cartaz no Teatro Renaissance, em São Paulo, até o dia 29 de outubro. As sessões acontecem aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 20h.

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