“Quebrar uma vidraça não é vandalismo para eles”, dizem autores sobre black blocs

Johnny Drum/ Jovem Pan

Autores do livro “Mascarados – A Verdadeira História Dos Adeptos da Tática Black Bloc”, o jornalista Willian Novaes e a professora Esther Solano passaram anos estudando os black blocs e convivendo com os jovens que são adeptos da técnica. Em entrevista ao Pânico desta quarta-feira (19), eles tentaram desmistificar.

“O que fazem não é violência quando se passa uma mensagem. Quebrar a vidraça de um banco não é vandalismo para eles, porque vândalo é o banco que cobra os juros”, explicou Esther. “Mesmo que a base deles seja anarquista, eles têm motivações políticas com as quais se identificam”, completou.

A maioria dos que aderem à essa forma de protestar são jovens de periferias e classes sociais mais baixas. A intenção deles, explicam os autores, além de chamar a atenção para as manifestações, é mostrar a violência policial – comum em regiões periferias, mas que não recebem cobertura da mídia.

“Não tem jornalista na quebrada cobrindo essa violência policial e no centro a violência é visível”, disse a pesquisadora. “Quebrar patrimônio é a forma de revide deles, é a revolta deles contra a polícia”, declarou.

“Mesmo que sejam anarquistas, eles têm motivações políticas com as quais se identificam”, falaram os autores ao dizer por que os black blocs participaram das manifestações contra a Copa do Mundo, pela saída de Temer e da ocupação das escolas e não dos atos a favor do Impeachment.

“Eles não aceitavam esse tipo de pauta, não aceitavam tirar uma presidente democraticamente eleita”, falaram ao reforçar que o ato “já estava sendo coberta pela TV, já tinha exposição e não tinha nada a ver com a pauta deles.

Durante a entrevista, os autores ainda explicaram que a tática dos black blocs de usar a máscara só é feita quando eles entendem que é necessário e reforçaram a necessidade de acabar com os rótulos para entender quem são os que usam a tática do black blocs.