Simpatias emocionais levam eleitores ao voto, diz Clóvis de Barros sobre vitória de Trump

  • Por Jovem Pan
  • 09/11/2016 13h36
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Johnny Drum/ Jovem Pan

Contrariando todas as pesquisas e previsões, Donald Trump foi eleito o novo presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (9). A vitória do bilionário surpreendeu a todos, inclusive ao professor e filósofo Clóvis de Barros Filho que, em conversa com o Pânico na Rádio, analisou o resultado da eleição.

“Se Donald Trump pensa mesmo tudo aquilo que se noticia, a gestão dele vai ser surpreendente”, falou Clóvis. “Especialistas tendem a avaliar os resultados por argumentos logísticos, mas não percebem que eleitores votam sem nenhum argumento, o que às leva ao voto são simpatias emocionais pela figura do candidato e o que movimenta sua candidatura”, analisou.

“É de se lamentar que [os eleitores] tenham se sensibilizado por um discurso entendido como egoísta e que não considera o outro ou um mundo melhor para todos. É decepcionante para um país que poderia lutar por um mundo mais justo para todos. Depois de 8 anos de Obama era esperado uma mudança, mas não uma alternativa tão radical”, comentou.

Avaliando a campanha eleitoral de Trump, Clóvis também falou sobre os constantes discursos de ódio do candidato. “O ódio é muito eficaz porque as pessoas são humilhadas, se sentem agredidas e agregam esse sentimento. Mas se acreditarmos que só o ódio une vira um pandemônio”, falou.

Os discursos de Donald Trump também foram tema de análise. “Acreditava que certos discursos estariam banidos no cenário político, mas não é bem assim e, aparentemente, certos discursos encontram consumidores e grande adesão”, refletiu Clóvis.

Apesar do resultado surpreendente e, em certo ponto, assustador para os americanos, o filósofo falou da necessidade de respeitar a vitória do candidato – eleito legalmente – e espera que suas decisões não perturbem a vida de quem ele aparentemente detesta. Para o futuro, ele falou da necessidade de os eleitores aprenderem a identificar as propostas de cada candidato para que, com mais politização.

Ponderando sobre o futuro dos Estados Unidos com o novo presidente, Clóvis reforçou a força da democracia americana contra decisões extremas e firmou: “a democracia dos EUA é sólida o suficiente para não aceitar qualquer desvaria”.

Ocupação de Escolas 

Durante participação no Pânico, Clóvis também comentou sobre a ocupação das escolas e a iniciativa dos estudantes, de pedir por “escolas sem partido”. Para o filósofo, proibir professores de compartilhar valores seria “empobrecedor” para a atividade docente.

“Usar a cátedra para encaminhamento partidário é indevido, pois cabe ao professor dar ao aluno condições de tirar suas conclusões, mas toda construção discursiva revela uma certa ideia de mundo e ideologia e essa ideia de que seria possível falar de história, filosofia, ética de maneira neutra esbarra em uma dificuldade, pois sempre que falamos deixamos transpareces aquilo que acreditamos”, explicou.

“A escolha dos temas e encaminhamentos são indicativos de nossas convicções. É evidente que cabe ao professor enriquecer o aluno e dar a ele o instrumento emancipador de pensar mesmo que na contramão do que ele pensa”, concluiu.

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