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Pescados do litoral do ES podem ficar impróprios para consumo, diz especialista

Lama chega ao mar

 Lama com rejeitos de minério que vazou de barragem da mineradora Samarco chega ao oceano no Espírito Santo e ameaça reserva marinha.

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Após o rompimento no dia 5 de novembro, os dejetos seguiram pelo rio Doce, afetando os municípios de Linhares, Baixo Guandu e Colatina. A Defesa Civil do Espírito Santo avalia que, nos próximos dias, Colatina poderá retomar a captação de água, que foi suspensa na quarta-feira (18/11).

A lama com tonalidade turva começou a desaguar na praia de Regência, na tarde de sábado (21/11), e já coloca em risco a Reserva Biológica de Comboios. A área de proteção no litoral capixaba é usada para a desova de tartarugas marinhas, inclusive por espécies ameaçadas de extinção.

Especialistas classificam a tragédia de Mariana, na região central de Minas Gerais, como o maior desastre ambiental do país. Em entrevista a Izilda Alves, o professor Marcus Vinícius Polignano, da Universidade Federal de Minas Gerais, descreve os possíveis danos ao oceano: “Com certeza uma faixa litorânea vai ser comprometida, porque esse sedimento vai para o fundo. Então evidentemente a vida marinha mais próxima da faixa litorânea vai ser danificada também”. O professor afirma que a contaminação do Rio Doce poderá inviabilizar o abastecimento por tempo indeterminado.

O coordenador do Laboratório de Poluição da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, prevê efeitos, inclusive, para a pesca marinha: “O enriquecimento de metais pesados no litoral, vai fazer com que o plâncton seja contaminado. O plâncton será comido por microcrustáceos, que serão comido por peixes menores e os peixes menores por peixes maiores. Existe um processo de bioconcentração, que pode em último caso, tornar o pescado impróprio para a alimentação”. Paulo Saldiva diz que a USP tem dois laboratórios à disposição para ajudar na análise da água, para apontar se houve contaminação por metais pesados.

Especialistas e autoridades estimam que a recuperação do rio Doce e das áreas atingidas pela lama poderá demorar uma década. A Justiça do Espírito Santo mandou a mineradora Samarco retirar a barreira que impedia a chegada dos rejeitos ao oceano.

Técnicos e ambientalistas apontam que represar a lama pode ser pior do que liberar todo o volume no mar.

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