Pingo Final: Petrobras admite a órgão americano dificuldades financeiras

  • Por Jovem Pan
  • 18/05/2015 10h21
RIO DE JANEIRO,RJ,06/09/2014-PETROBRAS/SEDE/CENTRO DO RIO - Prédio da Petrobras no centro do Rio de Janeiro.(Foto: Marcelo Fonseca/Folhapress). Marcelo Fonseca/Folhapress Fachada Petrobras

Meu pingo final vai para a Petrobras. Ora vejam que graça! Reportagem de Fernanda Nunes e Mariana Sallowicz, no Estadão de hoje, dá conta de que a Petrobras fornece ao mercado externo — até porque passou a ficar sob estrita vigilância — informações que a presidente Dilma Rousseff sonega aos brasileiros.

Em relatório enviado à SEC, a agência reguladora do mercado financeiro nos EUA, a estatal admite que as dificuldades financeiras pelas quais passa podem atrapalhar a exploração e produção do pré-sal. No documento, a estatal lista os obstáculos que terá de enfrentar para cumprir as obrigações com as reservas que já tem no pré-sal e ainda com as que deverá adquirir no futuro.

Pois é… O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, justiça se faça, em seminário recente sobre petróleo nos EUA, já havia afirmado que não vê mal nenhum em entregar áreas do pré-sal a empresas estrangeiras, mesmo sem a participação obrigatória da Petrobras, que, segundo o regime de partilha, tem de ser titular de pelo menos 30% da exploração. Na fórmula do ministro, bastaria à Petrobras ter a licença para recusar a participação.

Dilma não gostou e o desautorizou. Na semana passada, a governanta reafirmou as qualidades do regime de partilha — que impõe à Petrobras um custo com o qual ela não pode arcar — e a obtusa e contraproducente política de conteúdo nacional na área. E, de quebra, ainda aproveitou para atacar FHC. Ao mercado externo, no entanto, a estatal brasileira tem de dizer a verdade, especialmente nesses tempos em que se transformou num exemplo de tudo o que uma petroleira não pode ser.

No relatório, que é de preenchimento obrigatório, a empresa é explícita: admite que poderá ter problemas de caixa para enfrentar os desembolsos necessários para o pré-sal e antevê dificuldades para se financiar no mercado externo, especialmente se as agências de classificação de risco rebaixarem o seu rating.

O relatório é bastante realista. A estatal admite ainda que terá dificuldades para realinhar a política de preços para compensar as perdas acumuladas entre 2010 e 2014, quando o governo usou os combustíveis para fazer política econômica mixuruca.

E por que a Petrobras conta tudo, assim, de maneira tão clara? Porque, a esta altura, qualquer suspeita de que pode estar tentando dar um truque no mercado lhe seria fatal.

A Petrobras não pode enganar os mercados, mas o governo acha que pode continuar enganando os brasileiros. Vamos ver até quando, Dilma!

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.