Do fim de Bretton Woods ao novo dinheiro: por que as criptomoedas lastreadas atraem investidores
A tendência de repensar o sistema financeiro está mais inclinada à evolução do digital do que à manutenção do modelo atual
Há 52 anos do fim do acordo de Bretton Woods, que respaldava o valor do dólar em ouro, a transformação da economia tem se caracterizado pela adoção crescente das criptomoedas como forma de pagamento e reserva de valor. Este tipo de ativo é utilizado por 33% dos brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), e está entre os 10 mais utilizados em todo o mundo. O caso do Brasil é um exemplo do porquê o mercado cripto ter se apresentado como alternativa às crises que se seguiram à emissão de dinheiro sem lastro. Em uma sociedade onde 90% dos lares já têm acesso à internet e 36% da população investe em produtos financeiros, as criptomoedas parecem ser um caminho natural a seguir.
Onde tudo começou
Muito antes das criptomoedas entrarem em campo no jogo econômico, foi o colapso de um modelo o que tornou possível a sua existência. Em agosto de 1971, a inflação crescente e as tensões econômicas levaram o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, a pôr fim ao acordo de Bretton Woods. O sistema financeiro que ligava o dólar às reservas de ouro entrou em crise, deixando a moeda fiduciária sem respaldo em ativos tangíveis e controlada exclusivamente pelo governo.
Nas palavras do ex-presidente da França, Charles de Gaulle: “O fato de muitos países aceitarem como princípio que os dólares são tão bons como o ouro leva os norte-americanos a se endividarem gratuitamente às custas de outros países. Porque o que os Estados Unidos devem, pagam com um dinheiro que só eles podem emitir”. A ausência de aval e a impressão descontrolada de dinheiro geraram uma desordem econômica que persiste até hoje. O sistema continuou a funcionar, embora a crise financeira de 2008 tenha causado desconfiança suficiente para motivar a busca de opções mais transparentes. Em novembro do mesmo ano, nasceu o Bitcoin. E desde então, foram criadas mais de 29 mil novas criptomoedas, muitas das quais mantêm o padrão da falta de respaldo.
O Drex e as novas criptomoedas
Atualmente, o sistema monetário internacional tende à adoção do digital em detrimento do dinheiro em espécie, com o aparecimento de moedas digitais de bancos centrais, como o Drex, e de criptomoedas de última geração. Enquanto as primeiras são respaldadas pelas leis de cada país, as novas criptomoedas estão lastreadas em ativos reais. Um exemplo bem-sucedido é a Unicoin, uma criptomoeda lastreada em imóveis, ações de empresas e ativos competitivos como o cobre, material considerado crítico para o desenvolvimento de energias renováveis. O modelo tem a vantagem de evitar a volatilidade das primeiras criptomoedas e oferecer uma alternativa regulamentada e transparente.
Esse novo tipo de criptoativo é uma opção no Brasil, onde a quantidade de negociações com criptomoedas aumentou 417% nos últimos anos, e entrou em vigor a lei que regulamenta seu funcionamento, proporcionando garantias ainda maiores. Este é um sinal da maturidade que vem sendo alcançada pelo setor e das projeções promissoras para os próximos anos. Há quem afirme, inclusive, existir um descompasso entre o desejo dos consumidores brasileiros de aumentar a utilização de criptomoedas e a capacidade das empresas e do governo de responder a essa necessidade. Enquanto isso, aumenta a expectativa de que as criptomoedas substituam completamente o dinheiro na forma como é concebido atualmente, ou que ambas modalidades passem a coexistir e, se for assim, em que condições.
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