Programa do PT gera críticas até de partidos aliados à candidatura de Lula

Siglas reclamam que todas as propostas encaminhadas foram ignoradas pela legenda do ex-presidente, que demonstra mandar em tudo

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 14/06/2022 14h54 - Atualizado em 14/06/2022 14h56
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ALLISON SALES/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO Lula durante discurso Lula é o candidato do PT à Presidência para as Eleições 2022

A única coisa certa no programa de governo de Luiz Inácio da Silva é a regulação da imprensa, que significa censura. O desejo de censurar a imprensa é imenso. Mas o PT ainda não está satisfeito com o programa. Muita gente discutindo nos bastidores. Os aliados reclamam e não escondem de ninguém que são ignorados. A impressão que dá é que Lula já está eleito, só espera a faixa da Presidência da República. Muita soberba. O que não é novidade nenhuma. Soberba e arrogância. O PT não aprende. Será sempre esse partido que causa mal-estar, especialmente por sua conduta no governo, quando mostrou seu lado aberto à corrupção. Promoveu o maior assalto ao dinheiro público, como nunca se viu no mundo. E o país mergulhou nessa sombra de hoje, numa paisagem cada vez mais angustiante. Pois o partido está aí de novo, na figura de seu chefe supremo, que saiu da prisão por um golpe do Supremo Tribunal Federal, revelando que este país é mesmo um parque de diversões.  

O programa do partido corrupto tem causado muitas críticas dos partidos que se aliaram à candidatura petista, a começar pelo PSB, do ex-governador Geraldo Alckmin, hoje vice na chapa de Lula. Reclamam que todas as propostas encaminhadas para o programa foram ignoradas pelo PT, que demonstra mandar em tudo. Queixam-se, ainda, do vazamento de informações promovidas pelo partido que traiu seus eleitores quando chegou ao poder. Já o PT explica que muitas propostas foram deixadas de lado porque também são defendidas pelo candidato do PDT, Ciro Gomes. Integrantes da equipe de coordenação do programa de governo reclamam que não foram consultados sobre a redação do documento antes de encaminhá-lo para os partidos aliados. O presidente nacional do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva – o Paulinho da Força – afirma que o programa tem que ser debatido. Cita, como exemplo, que a ideia de revogar a reforma trabalhista, implementada pelo ex-presidente Michel Temer, já tinha sido acertada, mas acabou incorporada ao texto. Paulinho afirma que os presidentes dos partidos têm que bater o martelo. Se não for assim, nada feito. O PSOL, por seu lado, afirma que o programa elaborado pelo PT em nenhum momento se refere aos problemas ambientais e à reforma tributária.

O programa já divulgado aos poucos tem 90 parágrafos. O texto define os governos petistas como inovadores no combate à corrupção, reforça o papel do Estado na economia, enaltece o Bolsa Família e discorre sobre a necessidade de revogar o teto de gastos, além da revisão do regime fiscal. Fora isso, o programa que está sendo discutido prevê o fortalecimento dos sindicatos, sem a volta do imposto sindical. Prevê, ainda, um novo sistema de negociação coletiva e uma atenção especial aos trabalhadores informais e de aplicativos. O coordenador do programa é o ex-ministro Aloizio Mercadante, para quem o texto traduz uma preocupação legítima dos aliados, que desejam ampliar o debate. (Aloízio Mercadante, olha ele aí de novo!) Os aliados afirmam ser necessário resgatar o pacto que foi feito entre os partidos que apoiam a candidatura Lula. No final, o que está ocorrendo são aquelas manobras de sempre do PT, um partido acostumado a agir assim, passando por cima de todo mundo. Se de fato esse mal-estar valer de verdade, o PT terá de se curvar e alterar o seu plano de governo. Mas antes, é preciso pedir autorização para Lula. 

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