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Inepto, Ciro Gomes não vê o bonde passar, é abandonado pela esquerda e tem de apelar para a terceira via

SP - CONTRA/BOLSONARO - POLÍTICA - Protesto contra o Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reuniu vários movimentos da esquerda brasileira na Avenida Paulista, neste sábado 2 de outubro 2021

Muito se fala de “prudência” ao listar as qualidades fundamentais dos grandes políticos. Esse termo abstrato se traduz em diversos tipos de gestos, desde a habilidade no uso das palavras até a capacidade acima da média de “aproveitar o momento oportuno”, ou seja, de agir no tempo exato diante de um problema específico. Que Ciro Gomes seja imprudente nos modos, está na cara. Assombra, contudo, sua inépcia total quanto ao senso de oportunidade. O queridinho da esquerda envergonhada (o eleitorado que se orgulhava de ter votado em Lula em 2002, mas tem vergonha de apoiá-lo após as revelações da Lava Jato) é destituído da qualidade principal dos vencedores de eleições: captar o momento certo de aparecer no palco oferecendo-se como tábua de salvação. O problema de Ciro é que ele não oculta sua crença de que merece ser o mandatário máximo da República por assim desejá-lo, pouco importando as aspirações momentâneas do eleitorado brasileiro. Nesse sentido, em nenhuma campanha ele consegue de fato demonstrar por que seria a pessoa certa. 

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No passado, talvez pudesse ter conquistado o eleitorado conservador, como chegou a aconselhar o filósofo Olavo de Carvalho. Mas a moda ainda era ser de esquerda, e Ciro, movido pelo anseio de chegar lá, imitava aqueles que estavam na crista da onda. Cortejou as duas alas fortes da esquerda brasileira: a sindicalista e a social-democrata. Trabalhou com ambas. Sempre defendeu com orgulho princípios econômicos próprios à esquerda. E de repente, mesmo com o PT e o PSDB em baixa, foi deixado de lado por ambos para, mais uma vez, perder sozinho.

Em 2018, um candidato conservador venceu eleições contra todas as previsões e… Ciro Gomes de repente começa a acenar a esse eleitorado. Mas tinha arriscado outras manobras no passado, e suas alianças com a esquerda o consagraram como “opção limpa” para o esquerdista clássico consciente de que a corrupção, mesmo praticada pela santa esquerda, vejam só, é no final das contas imoral. Nesse imbróglio que criou para si mesmo, restou a Ciro absorver o discurso da terceira via: “nem Lula, nem Bolsonaro; o Brasil merece mais”. Justamente no momento em que a dita cuja amarga péssimos índices em qualquer pesquisa de intenções de voto, a começar a principal: as ruas. Sempre atrasado, movido unicamente por vontade de poder e destituído daquela autenticidade política capaz de conquistar diversas alas da sociedade, Ciro parece fadado a ser o melhor contraexemplo de como construir uma trajetória apta a se converter numa candidatura de sucesso. 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan

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